Imunização contra o vírus HPV: por que é importante tomar a vacina?

Responsável por cerca de 99% dos casos de câncer de colo do útero – um dos tipos de câncer que mais mata mulheres no Brasil – o HPV é um vírus de grande incidência na população sexualmente ativa. Estudos indicam que já na primeira relação sexual, a chance de ter contato com o vírus é de 20%. Em três anos, esse percentual sobe para 54%.

Os números preocupam, mas a boa notícia é que, desde 2014, o Ministério da Saúde oferece gratuitamente a vacina contra o HPV. As doses estão disponíveis na rede pública da saúde para meninas de 9 a 14 anos e meninos entre 11 e 14 anos ou ainda pacientes com HIV, transplantados ou com doenças autoimunes, conforme solicitação médica.

Embora o foco do SUS seja o público pré-adolescente, a vacina é altamente indicada para mulheres em qualquer idade e homens até 26 anos – nestes casos, disponíveis apenas em clínicas particulares.

A ginecologista e mestre em Saúde, Natacha Machado, explica que o ideal é que a vacina seja aplicada antes do início da vida sexual. “Por isso, a prioridade são os pré-adolescentes, o que não significa que a imunização não seja importante para quem é sexualmente ativo. Mesmo nos casos em que o contato com o HPV já ocorreu, a vacina reduz drasticamente a atividade do vírus no organismo”, explica.

Coordenadora do ambulatório de Patologia do Trato Genital do Hospital Hans Dieter Schmidt, Natacha diz que o câncer de colo de útero tem acometido mulheres cada vez mais jovens. “A incidência é maior em mulheres a partir dos 45 anos, mas temos visto muitos casos de jovens pacientes, por volta dos 30 ou 35 anos, com o diagnóstico da doença”, informa.

Ainda que esteja diretamente associado ao câncer de colo do útero, o HPV – ou papilomavírus humano – pode causar outras doenças, como o câncer de vulva, vagina, pênis, ânus e orofaringe (boca e garganta), além de infecções como o condiloma (verrugas anogenitais). “Mesmo que o câncer de pênis e reto, por exemplo, sejam mais raros, o homem infectado com o vírus é um transmissor do HPV e, portanto, os meninos também devem ser imunizados”, ensina a médica.

Vírus silencioso

O HPV é um vírus silencioso, sem sinais e sintomas. Em alguns casos, pode levar até 20 ou 30 anos para se manifestar, dependendo da imunidade dos pacientes. Por ser assintomático, a recomendação é que as mulheres façam seus exames preventivos regularmente. “Nem toda lesão provocada pelo HPV é necessariamente um câncer, mas ao identificar o contágio, a paciente precisa fazer um acompanhamento mais rigoroso”, orienta Natacha.

Segundo estatísticas, mais de 60% das pessoas convivem com o vírus. A maioria, explica a ginecologista, não vai desenvolver um câncer, mas é necessário ficar atento a qualquer alteração nos exames. “Estamos falando dos únicos tipos de câncer que podem ser prevenidos com uma vacina e, infelizmente, as pessoas ainda relutam em levar seus filhos aos postos de saúde, seja por medo de reações adversas ou por pura desinformação.”

A médica lembra que a vacina contra o HPV está disponível na rede particular há mais de 20 anos e é completamente segura. Ainda assim, a cobertura vacinal está muito abaixo da meta de 94% estabelecida pelo Ministério da Saúde. No Brasil, a cobertura não chega a 60% na primeira dose e cai para menos de 40% na segunda.

De acordo com Natacha, um dos maiores erros dos pais é a crença de que a vacinação vai estimular o início precoce da vida sexual dos filhos. “Temos uma vacina capaz de prevenir uma doença grave como o câncer e muitos pais ainda resistem em garantir aos filhos o direito pleno à saúde? Mais do que nunca precisamos falar exaustivamente sobre este assunto e reforçar a importância da vacinação contra o HPV”, enfatiza Natacha.

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Por: Dra Natacha Machado 

Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005

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