Saúde da mulher: a verdade sobre o DIU

A medicina avança a passos largos. No mesmo ritmo, condutas médicas, tratamentos e métodos utilizados há décadas também vêm se modernizando. Um exemplo é o DIU.

Inventado em 1929 pelo médico alemão Ernst Gräfenberg, o primeiro dispositivo intrauterino da história foi suspeito – à época – de causar câncer, infecções ginecológicas e provocar abortos. Hoje, sua “contribuição” nestes casos está totalmente descartada. Atualmente, o DIU é considerado um dos métodos mais eficazes e seguros para adolescentes e mulheres que desejam evitar a gravidez, com índice de falhas menor do que 1%.

De acordo com a ginecologista Natacha Machado, embora o DIU seja uma invenção do início do século 20, as pacientes ainda chegam ao consultório com dúvidas. “Os mitos vão se perpetuando ao longo de gerações e reforçam um senso comum equivocado, mas o melhor remédio para as incertezas é o acesso à informação. A verdade é que os métodos contraceptivos evoluíram muito”, explica a mestre em Saúde.

Professora do curso de Medicina da Universidade da Região de Joinville (Univille), Natacha diz que as mulheres precisam conhecer bem o seu corpo e seu ciclo menstrual antes de escolher um método anticoncepcional. Outra dica é contar com um médico de confiança para compartilhar inseguranças ou desconfortos. “Quando o assunto é saúde, qualidade de vida, bem-estar e sexualidade, as mulheres não devem se acomodar”, orienta.

DIU sem mistérios

Existem dois tipos de DIU não hormonais, usados exclusivamente como contraceptivos: de cobre e de cobre com prata. O que vai definir qual deles deve ser usado é o histórico clínico, a condição de saúde e o estilo de vida da paciente. “Há ainda o mini DIU, indicado para adolescentes em função do tamanho reduzido do útero”, informa Natacha, que também coordena o Ambulatório de Patologia do Trato Genital (câncer de colo do útero) do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, em Joinville.

Colocado na cavidade uterina, o DIU de cobre transforma o local em um ambiente hostil aos espermatozoides e impede a fecundação. Dependendo do tipo utilizado, dura de três a dez anos, mas pode ser retirado antes do tempo se a paciente quiser engravidar. O procedimento é feito no consultório ou em hospital, caso a mulher opte pela sedação.

As verdades sobre o DIU

  • O DIU de cobre pode ser utilizado desde a adolescência (após a primeira relação sexual). Tem índice de eficácia de 99% contra 94% das pílulas, por exemplo.
  • Impede a gravidez não planejada, mas não evita doenças sexualmente transmissíveis. Para esta finalidade, o uso de preservativos é fundamental.
  • Não causa infertilidade. Assim que retira o DIU, a mulher está apta para engravidar.
  • É contraindicado em casos de infecção ginecológica, mioma, hemorragias, cólicas intensas, endometriose, alterações no preventivo, má formação uterina ou outro problema que exija tratamento. Nestes casos, alerta a médica Natacha Machado, a recomendação nunca será pelo uso do DIU.
  • Por não conter hormônios, o DIU de cobre não interfere nos riscos de trombose. Pelo mesmo motivo (ausência de hormônios) é o único método anticoncepcional que não altera o desejo sexual.
  • Por ser exclusivamente contraceptivo, não contribui para aliviar os sintomas da TPM e não reduz o fluxo menstrual. Pode, inclusive, alterar a intensidade do sangramento.
  • Após a colocação, é possível que o DIU cause algum desconforto ou cólica durante a fase de adaptação.
  • Pode ser colocado em qualquer época do mês, desde que descartada a gravidez. Se implantado no período menstrual, reduz o desconforto durante o procedimento.
  • Em casos raros, é possível que se desloque ou seja expulso pelo organismo, já que é um corpo estranho. Por isso, exige controle periódico (no mínimo anual), com exames de ultrassom.
  • Não é sentido pela paciente, não causa incômodo nem é percebido durante a relação sexual.
  • Pode ser inserido imediatamente após o parto e usado durante a amamentação – isso porque, lembra a médica Natacha Machado, não contém hormônios.
  • O custo é relativamente baixo em relação aos benefícios. A conta é simples: basta calcular os gastos com pílulas durante cinco ou dez anos e comparar com o valor do DIU. Outra alternativa é recorrer ao Sistema Único de Saúde, que já disponibiliza o DIU de cobre.

Por: Dra Natacha Machado 

Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005

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