Tríade da Mulher Atleta: você sabe o que é?

“Todo excesso faz mal. Toda falta também… A vida ensina que o bem-estar está no equilíbrio.”

Quando escreveu essa frase, a escritora Zíbia Gaspareto certamente não se referia à Tríade da Mulher Atleta (TMA), nosso assunto de hoje. Mesmo assim, o pensamento cai como uma luva para ilustrar como os extremos podem ser prejudiciais à saúde.

A Tríade da Mulher Atleta é uma disfunção causada justamente por extremos: excesso de exercícios físicos e falta de nutrição adequada.

O problema afeta mulheres que fazem atividades físicas intensas ou esportes de alto rendimento, mas têm um aporte calórico e nutricional inferior ao necessário. Esse desequilíbrio leva o metabolismo a um descompasso que coloca em risco a saúde.

Quando a ingesta calórica é menor do que o gasto energético, o organismo entende que o corpo está em sofrimento e prioriza algumas funções, afetando outras. É então que a Tríade da Mulher Atleta se manifesta.

Sintomas e sinais de alerta

A TMA é uma patologia que envolve um tripé: descompensação energética, alteração menstrual e disfunção do metabolismo ósseo.

Ao exigir demais do organismo sem ingerir calorias e nutrientes suficientes, há uma queda no estrogênio e a mulher deixa de menstruar.

Se você pratica atividades físicas intensas, de alto rendimento, e percebeu ausência de menstruação (amenorreia) por mais de três meses, este é um sintoma importante – mas não o único.

Então, aqui, vale aquele velho lembrete: ao desconfiar que algo não vai bem com a sua saúde, procure um especialista para fazer uma avaliação e o diagnóstico correto.

Outros sintomas da Tríade da Mulher Atleta:

  • Queda de cabelo;
  • Alteração no humor;
  •  Insônia e fadiga excessiva;
  • Dificuldade em recuperar o peso;
  • Alteração na fertilidade;
  • Queda anormal no rendimento;
  • Disfunção no metabolismo ósseo, levando a fraturas por estresse (desgaste ósseo) e, em casos mais severos, à osteopenia e osteoporose.

Atenção aos distúrbios alimentares

Se a baixa disponibilidade energética é o fator chave para desencadear os principais sintomas da TMA (amenorreia e perda mineral óssea), é importante estar alerta a um fator comportamental que tem relação direta com a busca pelo padrão corporal “ideal”.

Muitas mulheres e principalmente adolescentes, na ânsia de ter o “corpo perfeito”, se submetem a dietas excessivamente restritas, sem acompanhamento especializado, e a rotinas de exercícios físicos inadequadas. Não são raros os casos de bulimia e anorexia que chegam aos consultórios.

Mais uma vez, o alerta é importante: excessos são prejudiciais à saúde. Se o sedentarismo e uma alimentação rica em calorias representam fatores de risco, o oposto também é verdadeiro.

Tentar se encaixar nos padrões físicos impostos pela sociedade a qualquer custo “tem seu preço” e não vale a pena arriscar.

Por isso, antes de qualquer atitude extrema, reflita. Para uma vida saudável e um futuro de qualidade, busque orientação de especialistas.

Como tratar a TMA

Quando o assunto é saúde, a prevenção é sempre o melhor caminho, mas quando a doença se apresenta, identificá-la e tratá-la precocemente tornam-se prioridades.

Como já dissemos, uma dieta excessivamente restrita pode comprometer a saúde de atletas de alto rendimento. Se é seu caso, você precisa de orientação profissional.

A primeira dica é: se você não faz uso de nenhum método para interromper o fluxo menstrual, fique atenta. Ao perceber qualquer irregularidade na menstruação, procure um ginecologista.

A avaliação médica vai determinar as causas da amenorreia, os sintomas associados e, com informações sobre a intensidade do treino e os hábitos alimentares, além de resultados de testes e exames como bioimpedância, densitometria óssea e dosagem hormonal, é possível fazer uma análise mais precisa do quadro.

Após o diagnóstico, o tratamento vai envolver uma equipe interdisciplinar, com médicos, nutricionista, preparador físico, psicólogo e, se necessário, psiquiatra, no caso de uso de antidepressivos.

A recuperação vai depender de ajustes na carga de treinamentos, na ingestão calórica adequada, tratamento hormonal (quando necessário) e outros medicamentos e acompanhamentos, em casos que envolvam, por exemplo, quadros de bulimia e anorexia, como já comentamos anteriormente.

É necessário restabelecer o equilíbrio para que o sistema hormonal volte a funcionar normalmente e, quanto antes você buscar ajuda, maiores as chances de sucesso no tratamento.

Sua saúde é seu maior bem.

Fazer exercícios físicos e manter uma alimentação saudável são essenciais durante toda a vida, mas não se deixe levar por excessos. Nem demais, nem de menos.

Se você é uma atleta de alto rendimento, redobre a atenção e respeite as orientações dos profissionais que acompanham o seu treinamento.

Lembre-se do que disse Zíbia Gaspareto: “O bem-estar está no equilíbrio”.

Eu estou aqui para ajudá-la.

Por: Dra Natacha Machado 

Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005

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