Suas articulações doem e apresentam rigidez, principalmente pela manhã? Você sente que está perdendo a força até para tarefas simples, como abrir um pote de conservas? Flexibilidade e mobilidade estão prejudicadas?
Essas queixas comuns entre as mulheres com mais de 40 anos podem estar associadas a uma condição já reconhecida pela ciência: a Síndrome Musculoesquelética da Menopausa.
Isso mesmo! Para além das tradicionais ondas de calor, insônia, flacidez e ressecamento da pele, alterações de humor e lapsos de memória, o climatério traz dores incômodas.
A queda nos níveis de estrogênio, principal hormônio reprodutivo feminino, também tem efeito na saúde dos ossos, músculos e articulações. Quando o organismo deixa de produzir o estrogênio em quantidade suficiente, as estruturas musculoesqueléticas sofrem, afetando a força, a mobilidade e até a autonomia da mulher.
Sabemos que a menopausa é uma condição biológica inevitável, mas seus sintomas não devem ser tratados como “coisa típica da idade”. Assim como todos os outros sintomas, a Síndrome Musculoesquelética da Menopausa também tem tratamento.
Entenda como ocorre a Síndrome Musculoesquelética da Menopausa
Para entender a Síndrome Musculoesquelética é preciso entender a relação que existe entre o estrogênio e o nosso sistema de sustentação e mobilidade (ossos, músculos e articulações).
Além de ser um hormônio reprodutivo, o estrogênio tem um papel fundamental em vários outros aspectos da saúde feminina, inclusive na manutenção da massa óssea, na saúde das articulações e na função muscular.
• Ossos: o estrogênio age como um protetor dos ossos, ajudando a equilibrar a atividade das células de construção e reabsorção do tecido ósseo. Quando os níveis desse hormônio baixam, o processo de reabsorção óssea se acelera, levando a uma perda de densidade mineral. Esse quadro, conhecido como osteopenia (e em estágios mais avançados, como osteoporose) aumenta o risco de fraturas.
• Músculos: o estrogênio é multifunções. Ele é vital para a manutenção da massa muscular e da força. Sua diminuição contribui para a perda de massa magra, um processo chamado sarcopenia. Essa condição compromete a força muscular e reduz a capacidade de realizar atividades diárias habituais.
• Articulações: o estrogênio tem um efeito anti-inflamatório e ajuda a manter a saúde da cartilagem. A falta desse hormônio favorece inflamações e dores nas articulações, contribuindo para a rigidez e a diminuição da mobilidade.
A combinação desses três fatores – perda de massa óssea, diminuição da força muscular e alterações articulares – cria um cenário de vulnerabilidade que tem nome e sobrenome: Síndrome Musculoesquelética da Menopausa. Se não tratada, essa condição se torna bastante desconfortável e limitante.
Sintomas da Síndrome Musculoesquelética da Menopausa
Os sintomas da Síndrome Musculoesquelética da Menopausa podem variar de intensidade, mas, em geral, evoluem para uma combinação perigosa que compromete a autonomia e a segurança.
Confira os principais indicativos:
- Dores musculares e articulares: é comum sentir dores difusas, especialmente nos ombros, joelhos, quadris e mãos. A dor pode ser constante, aumentar durante os movimentos e até se manifestar quando o corpo está em repouso.
- Rigidez e perda de mobilidade: acordar com o corpo rígido, ter dificuldade para se abaixar, amarrar os sapatos ou subir escadas são queixas frequentes. A falta de flexibilidade e a sensação de “travamento” são limitantes.
- Diminuição da força e massa muscular: a perda de força é perceptível em tarefas que antes eram simples, como carregar sacolas de compras ou arrastar móveis. Esse enfraquecimento aumenta o risco de quedas, que podem ter consequências graves devido à fragilidade óssea.
- Risco de fraturas: a osteoporose, uma das principais consequências da perda hormonal, torna os ossos frágeis e mais suscetíveis a fraturas, mesmo com traumas leves.
Como prevenir e tratar a Síndrome Musculoesquelética da Menopausa
É possível prevenir a Síndrome Musculoesquelética da Menopausa, mas se você já apresenta os sintomas, não desanime. Existe tratamento eficaz.
O primeiro passo é reconhecer a condição, informar seu médico e acreditar: o envelhecimento do organismo é um processo natural, mas não significa que tenhamos de “aceitá-lo sem contestação”.
No caso da Síndrome Musculoesquelética, o tratamento é multidisciplinar, personalizado e requer uma abordagem que vai além da reposição hormonal. Se você quer recuperar a mobilidade, manter a massa muscular, ter força e evitar fraturas, precisa seguir essa estratégia.
- Atividade física regular
A base de qualquer tratamento para a saúde musculoesquelética é a atividade física. Exercícios de fortalecimento, como musculação e pilates, são essenciais para combater a sarcopenia, preservar a massa muscular e aumentar a densidade óssea.
Atividades de baixo impacto, como caminhada e natação, ajudam a manter a mobilidade e a saúde das articulações.
- Nutrição adequada
O que comemos é o combustível para o nosso corpo. A menopausa exige uma atenção especial à dieta. A ingestão de proteína de alta qualidade é crucial para a manutenção e a recuperação muscular.
O consumo de cálcio e vitamina D também ajuda na saúde óssea. Seu médico deve fazer a dosagem e, se necessário, indicar a suplementação.
- Suplementação estratégica
A creatina tem se mostrado eficaz para o aumento da força muscular e da massa magra. Já a vitamina D em níveis adequados é fundamental para a absorção do cálcio. Esses e outros suplementos podem ser importantes para a mulher no climatério, mas não saia ingerindo o que viu na televisão, na internet ou na casa da vizinha.
O uso de suplementos deve ser avaliado individualmente e receitado pelo médico, considerando as necessidades específicas de cada paciente.
- Reposição hormonal
A reposição hormonal é uma ferramenta poderosa e eficaz para atenuar os sintomas da menopausa, incluindo aqueles relacionados ao sistema musculoesquelético. Repor o estrogênio pode frear a perda óssea, melhorar a força muscular e aliviar dores articulares.
No entanto, a decisão pela reposição deve ser feita em conjunto com o ginecologista, depois de uma avaliação completa e considerando os riscos e benefícios individuais.
Menopausa não deve ser sinônimo de fragilidade e dor. A Síndrome Musculoesquelética é uma condição real, com causas conhecidas e soluções disponíveis. Com o tratamento adequado é possível recuperar a mobilidade e garantir autonomia nas atividades do dia a dia.
Cuidar do corpo durante o climatério é investir na saúde física, no bem-estar emocional, na independência e na autoestima. Não aceite a dor como algo inevitável. No climatério, nada melhor do que se manter forte e ativa.
Por: Dra Natacha Machado
Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005