Setembro é o mês de conscientização sobre os cuidados com a saúde mental. A ideia central do movimento Setembro Amarelo, como a campanha é conhecida no Brasil, está na quebra de tabus e estigmas que envolvem os transtornos mentais, as dores emocionais e os pensamentos suicidas.

Assim como a saúde mental, o climatério e a menopausa também estão cercados por mitos e desinformação. E essa não é a única relação entre os dois temas. No climatério, as mulheres desenvolvem inúmeros sintomas emocionais que precisam de atenção.

Por isso, nada melhor do que colocarmos o Setembro Amarelo e a menopausa na mesma mesa de discussões.

Saúde mental no climatério

O mês de setembro ilumina a discussão sobre saúde mental, mas é crucial lembrar que esse cuidado precisa ser integral ao longo de toda a vida, inclusive no climatério.

Para as mulheres, o climatério representa uma transição profunda, muitas vezes silenciosa, onde as flutuações hormonais vão além dos fogachos e afetam diretamente o equilíbrio emocional.

Reconhecer que sintomas como irritabilidade, ansiedade e desânimo podem ser mais do que “só estresse” é o primeiro passo para buscar acolhimento e tratamento.

Como a menopausa afeta o cérebro: 10 sintomas ligados à saúde mental

Os sintomas da transição menopausal costumam iniciar cerca de 8 ou até 10 anos antes da confirmação da menopausa (que é quando a mulher fica 12 meses seguidos sem menstruar).

Muitos deles têm relação direta com a saúde mental. Veja os principais:

1 Alterações de humor (instabilidade emocional)

O que é: mudanças bruscas e intensas de humor, sem motivo aparente. A mulher oscila entre irritabilidade, frustração ou choro fácil, seguidos por momentos de calma e tranquilidade.

Como tratar: práticas de mindfulness e meditação ajudam a identificar as emoções sem julgamento, reduzindo a reatividade. Terapia cognitivo-comportamental (TCC) é excelente para identificar gatilhos e padrões de pensamento.

2 Ansiedade e ataques de pânico

O que é: sensação constante de nervosismo, de apreensão ou de que “algo ruim está prestes a acontecer”. Em alguns casos, pode evoluir para crises de ansiedade ou ataques de pânico, com sintomas físicos (palpitações, dor no peito, falta de ar).

Como tratar: técnicas de respiração profunda (como a respiração diafragmática) e exercícios de relaxamento são ferramentas de primeiros socorros. Terapia e, dependendo do caso, medicação ansiolítica prescrita por um psiquiatra.

3 Depressão ou humor depressivo

O que é: tristeza profunda e persistente, perda de interesse em atividades prazerosas, desesperança e cansaço constante. Diferente de uma tristeza passageira, interfere significativamente na vida.

Como tratar: a avaliação com um psiquiatra é crucial. A combinação de psicoterapia e medicamentos costuma ser eficaz. A reposição hormonal também deve ser considerada para aliviar este e outros sintomas.

4 Nevoeiro mental

O que é: dificuldade de concentração, lapsos de memória (esquecer palavras ou onde guardou objetos) e sensação de que o pensamento está “embaçado” ou lento.

Como tratar: boa qualidade de sono, exercícios para o cérebro (palavras cruzadas, aprender algo novo) e organização da rotina em listas ou agendas. A reposição hormonal é aliada e pode ajudar significativamente nesse sintoma.

5 Baixa autoestima e distorção da imagem corporal

O que é: a mulher passa a se sentir menos atraente devido às mudanças físicas (ganho de peso ou alterações na pele e no cabelo), afetando sua confiança e autoimagem.

Como tratar: psicoterapia para trabalhar a autoaceitação e ressignificar a beleza. Praticar atividade física não como punição, mas como celebração da capacidade e da autonomia do corpo. Buscar grupos e redes de apoio com mulheres na mesma fase.

6 Insônia e distúrbios do sono

O que é: dificuldade para pegar no sono ou manter o sono, muitas vezes devido aos calores noturnos (fogachos). O sono não reparador piora todos os sintomas emocionais.

Como tratar: higiene do sono (ambiente escuro, fresco e silencioso; evitar telas antes de dormir). Controlar os fogachos com reposição hormonal e buscar avaliação médica para avaliar a necessidade de medicamentos ou suplementos (como a melatonina) para dormir

7 Irritabilidade e intolerância

O que é: paciência reduzida, ficar facilmente incomodada, “à flor da pele”, e ter explosões de raiva desproporcionais à situação.

Como tratar: identificar os fatores de estresse e praticar pausas respiratórias antes de reagir. Atividade física regular é fundamental para liberar a tensão acumulada. A terapia ajuda no gerenciamento da raiva.

8 Fadiga mental e esgotamento

O que é: cansaço avassalador que não melhora com o descanso. Não é apenas físico, mas uma exaustão mental que torna qualquer tarefa simples em um fardo enorme.

Como tratar: priorizar o descanso sem culpa. Aprender a dizer “não” e delegar tarefas. Checar níveis de vitaminas (especialmente B12 e D) e ferro, que comumente caem nessa fase.

9 Sensação de vazio ou perda de propósito

O que é: sentimento comum na “síndrome do ninho vazio”, quando os filhos saem de casa. A mulher passa a questionar seu papel e se sente perdida, sem direção e num vazio existencial.

Como tratar: psicoterapia para explorar novos interesses, hobbies e projetos pessoais que foram adiados. É uma oportunidade de se reconectar consigo mesma e investir em desejos próprios.

10 Isolamento social

O que é: afastamento de amigos e familiares, seja por vergonha dos sintomas, pela falta de energia ou por achar que ninguém a entende.

Como tratar: combater proativamente o isolamento, mantendo contato social, mesmo que pequeno (um café, uma mensagem para uma amiga). Buscar grupos de apoio online ou presenciais é poderoso, pois reduz a sensação de solidão.

Se você tem um ou mais sintomas desses, não sofra em silêncio.

Procure orientação médica para fazer a reposição hormonal, melhore seu estilo de vida, aprenda a gerenciar o estresse, faça acompanhamento psicológico e, se necessário, recorra a um psiquiatra para avaliar a necessidade de medicamentos.

O climatério requer atenção multiprofissional e pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, mas de coragem e autocuidado. Você não está sozinha!

Nem agora, durante o Setembro Amarelo, nem em qualquer outro mês do ano. Sempre que precisar, conte comigo!

Por: Dra Natacha Machado 

Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005

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