A baixa libido é uma queixa comum no consultório, em especial no grupo de mulheres que chegou ao climatério. A questão é a demora em relatar o problema. Quando decidem falar sobre o assunto, muitas delas já estão sofrendo com isso há tempos.

Seja por vergonha ou por desconhecimento, a maioria das mulheres negligencia as questões envolvendo a libido. No entanto, a demora em identificar as causas transforma o problema em algo crônico. O resultado é o comprometimento dos relacionamentos e a perda de qualidade nas relações íntimas.

O primeiro ponto a ser considerado é que a queda do desejo sexual, em geral, não tem uma causa única. É, na verdade, a indicação de que diversos aspectos podem estar “desajustados” e merecem ser investigados com atenção.

O segundo ponto é relativizarmos o que seria considerado “normal”. Afinal, quando devemos nos preocupar? Existe uma régua para medir a libido ideal?

A falta de desejo em curtos períodos não é necessariamente um problema. A vontade de fazer sexo varia de indivíduo para indivíduo e das diferentes fases da vida.

Portanto, o alerta se acende quando a falta de libido passa a afetar negativamente o comportamento, os sentimentos, a qualidade de vida e a dinâmica dos relacionamentos sexuais.

Nesse momento é preciso reconhecer as causas dessa condição e buscar o tratamento adequado, que é, em geral, multidisciplinar.

O que pode causar a baixa libido no climatério?

A libido não se limita apenas à vida sexual. Ela está intrinsecamente ligada à nossa vontade de viver, de experimentar novas coisas e de buscar prazer em diversas áreas da vida.

Quando a libido está baixa, há uma diminuição do interesse por atividades que antes nos proporcionavam prazer, como praticar esportes, cultivar hobbies, viajar ou socializar. O sexo entra nessa lista.

No caso das mulheres, o climatério e a menopausa, nossos velhos conhecidos, são apenas um dos componentes possíveis por essa diminuição na energia, disposição e desejo sexual. Por isso, os hormônios não devem levar a culpa sozinhos. Existem outras diversas causas para a baixa libido e, por isso, o tratamento também envolve abordagens variadas.

Principais responsáveis pela baixa libido no climatério

Alterações hormonais

O desejo sexual é um aspecto complexo da nossa vida e está relacionado aos hormônios. A testosterona e o estrogênio são os principais responsáveis por regular a libido em homens e mulheres, respectivamente.

    Na mulher, as flutuações hormonais ao longo da vida, como durante a gravidez, no pós-parto, na amamentação e na menopausa, podem influenciar significativamente a libido. A diminuição do estrogênio causa o ressecamento vaginal e diminui o prazer sexual, afetando o desejo.

    Os homens também percebem essa queda gradual no desejo a partir dos 40 anos, em função da baixa nos níveis de testosterona. Essa baixa interfere na libido e pode levar à disfunção erétil. Ou seja, a perda de libido não é um problema exclusivamente feminino.

    Saúde mental

    Estresse, ansiedade e depressão são condições que afetam a libido. Muitos medicamentos indicados para tratar essas intercorrências também podem diminuir o desejo sexual.

      Por isso, é importante que o diagnóstico seja preciso. Muitas mulheres tratam a ansiedade e depressão com medicamentos para esse fim quando, na verdade, a causa dos sintomas depressivos está ligada ao climatério.

      Uso de medicamentos

      Antidepressivos, diuréticos ou remédios para hipertensão podem ter como efeito colateral a redução da libido, especialmente por afetarem a parte do sistema nervoso responsável pelo desejo sexual.

        Além disso, alguns medicamentos podem diminuir o fluxo sanguíneo na região íntima, o que altera a qualidade das relações íntimas.

        Doenças crônicas

        Diabetes, hipotireoidismo, obesidade, problemas cardíacos e neurológicos, assim como outras doenças crônicas, costumam impactar na libido, atrapalhando a qualidade de vida e o desejo sexual.

        Problemas no relacionamento

        Falta de diálogo, brigas recorrentes, desconfiança ou falta de conexão com o parceiro podem abalar o relacionamento e afetar o psicológico do casal, causando a queda da libido. Lembre-se: mantenha o romantismo, o erotismo e a cumplicidade mesmo em relacionamentos que já duram décadas.

        Traumas emocionais

        A libido está relacionada à sensação de prazer e, quando há um desequilíbrio emocional causado por traumas, pode ser muito difícil relaxar e ter um momento prazeroso.

          Quando os traumas emocionais estão relacionados com abuso sexual ou relacionamentos tóxicos, o impacto negativo na libido é indiscutivelmente maior.

          Falta de estimulação

          Nas mulheres, a secura vaginal, frequentemente associada à falta de estimulação, pode causar desconforto durante o ato sexual e contribuir para a perda do desejo.

            Quando a mulher não se sente excitada ou tem dificuldade em alcançar o orgasmo, isso gera um ciclo vicioso: a falta de prazer diminui o interesse que, por sua vez, dificulta ainda mais a excitação.

            Dependência de álcool e cigarro

            Álcool e tabaco são substâncias que podem diminuir a libido, dificultar a excitação e prejudicar a satisfação sexual. O cigarro pode, inclusive, ser um dos causadores da disfunção erétil em homens porque afeta a circulação sanguínea.

              Já o álcool, apesar de, inicialmente, causar uma sensação de relaxamento e prazer, se ingerido em grandes quantidades altera a resposta sexual do organismo, tanto em homens quanto em mulheres, dificultando a ereção e a lubrificação vaginal.

              Quando procurar ajuda?

              Se a baixa libido estiver afetando sua qualidade de vida e seus relacionamentos é importante buscar a ajuda de um profissional. Um médico poderá identificar as causas do problema e indicar o tratamento adequado.

              É importante lembrar que não existe um padrão único de libido. O que é considerado normal para uma pessoa pode não ser para outra. O mais importante é estar atento aos seus próprios sinais e sentimentos.

              Como já vimos, a baixa libido é multifatorial e não existe uma medicação ou tratamento único. Por ser uma disfunção que envolve muitas variáveis, em geral, requer intervenção multidisciplinar.

              Portanto, o primeiro passo é conversar com seu ginecologista e compreender quais são os gatilhos para a falta do desejo sexual. Com isso esclarecido, o médico pode indicar o caminho ideal para resolver o problema.

              Possibilidade para recuperar a libido no climatério

              Reposição Hormonal

              A reposição hormonal, indicada no climatério, ajuda a restaurar os níveis hormonais e aumentar a libido. Em homens, a reposição de testosterona pode ser indicada em casos de baixa libido associada à deficiência desse hormônio.

              A testosterona, em doses fisiológicas femininas, também pode ser prescrita para as mulheres que fazem reposição hormonal, como complemento ao tratamento.

              Terapia sexual

              A terapia sexual é aliada para identificar e abordar questões emocionais e comportamentais relacionadas à sexualidade. A terapia de casal pode ser benéfica se a baixa libido estiver afetando o relacionamento.

              Mudanças no estilo de vida

              A atenção a uma alimentação saudável é importante. Uma dieta equilibrada, rica em frutas, legumes e grãos integrais, contribui para a saúde geral – incluindo a sexual.

              Os exercícios físicos regulares também ajudam. A atividade física aumenta a circulação sanguínea e libera endorfina, hormônio que promove o bem-estar e ajuda a aumentar a libido.

              Medicamentos

              Não existem remédios milagrosos e específicos para a baixa libido. Mas, em alguns casos, podem ser indicados recursos para tratar condições específicas que contribuem para essa falta de desejo sexual.

              Lembre-se: a sexualidade é uma parte importante da vida e merece ser cuidada. A baixa libido deve ser tratada e você pode ter uma vida sexual totalmente prazerosa e feliz, não importa a idade.

              Por: Dra Natacha Machado 

              Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005

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