Ressecamento da pele (inclusive na região íntima), flacidez, rugas e aumento da sensibilidade: esses sinais fazem parte do envelhecimento da pele e podem ser intensificados pela queda do estrogênio.

Ou seja, nem mesmo a nossa pele escapa das profundas transformações pelas quais o corpo feminino passa nessa fase da vida. Por isso, o tema de hoje é esse: a vitalidade e a saúde da pele durante o climatério.

Qual o papel do estrogênio na saúde da pele?

Para entender as mudanças na pele madura, é preciso compreender o papel do estrogênio. Esse hormônio é um verdadeiro aliado da pele. É ele o responsável por manter a hidratação, a elasticidade e a firmeza, atuando diretamente na produção de colágeno, elastina e ácido hialurônico – três proteínas essenciais para a sustentação e a estrutura da pele.

O colágeno, em particular, é o principal responsável pela firmeza. A elastina confere a capacidade de a pele voltar ao lugar, e o ácido hialurônico, um hidratante natural, retém a umidade e garante o viço.

Com a menopausa, a produção de estrogênio despenca e, junto com ela, vão se embora todas essas substâncias.

O que muda na pele com a chegada do climatério?

Desde o início do climatério, a pele começa a dar sinais de que está “envelhecendo”. E não se trata apenas de rugas. As mudanças são sistêmicas e afetam a pele do corpo todo, não apenas do rosto.

Principais efeitos da falta de estrogênio na pele são:

  • Ressecamento intenso: a diminuição do ácido hialurônico e das glândulas sebáceas causa perda significativa de água. A pele fica seca, áspera e sem brilho, e a sensação de que está “repuxando” se torna constante.
  • Perda de firmeza e flacidez: a redução drástica na produção de colágeno e elastina leva à perda de sustentação. O resultado é a flacidez e, em geral, o que mais chama a atenção das mulheres é a região do contorno do rosto, pescoço e colo.
  • Aumento das rugas e linhas de expressão: com a perda de volume e elasticidade, as rugas profundas e linhas de expressão se tornam mais evidentes.
  • Manchas e pigmentação: o envelhecimento natural, somado à exposição solar acumulada, pode intensificar o aparecimento de manchas e de melasma. Isso ocorre porque a pele fica mais vulnerável à hiperpigmentação.
  • Maior sensibilidade e irritação: a epiderme, camada mais superficial da pele, fica bem mais fina no climatério, perdendo sua barreira protetora. Isso aumenta a sensibilidade a produtos e a fatores ambientais.
  • Cicatrização mais lenta: a regeneração celular diminui quando o estrogênio deixa de ser produzido, fazendo com que cortes, machucados e procedimentos cirúrgicos demorem mais para cicatrizar.

Falta de estrogênio: não é só o rosto que muda

A pele é o maior órgão do corpo humano. Quando falamos em pele madura, na menopausa, a atenção costuma se voltar ao rosto e às mãos. No entanto, outras áreas sofrem alterações significativas.

A pele da região íntima, por exemplo, tende a ficar mais fina, seca e sensível devido à atrofia dos tecidos e à redução da lubrificação natural. Além disso, pode ocorrer o escurecimento da pele vulvar e maior propensão a irritações, desconforto durante relações e infecções recorrentes.

Todo o corpo sente essa mudança: a pele dos braços, pernas, colo e pescoço perde elasticidade, exigindo cuidados redobrados. Algumas condições dermatológicas podem se intensificar nesse período:

  • Rosácea: o climatério favorece crises e vermelhidão persistente da pele;
  • Dermatites: a barreira cutânea fragilizada aumenta a predisposição a irritações e alergias;
  • Psoríase: em alguns casos, a queda hormonal pode desencadear ou intensificar surtos.

Como cuidar da pele nessa nova fase da vida?

Não é só uma questão de estética: cuidar da pele depois dos 40 anos é questão de saúde. Uma rotina de cuidados pode aliviar os sintomas e manter a pele saudável e bonita por mais tempo.

  1. Hidratação
    Este é o primeiro passo. Use hidratantes corporais e faciais com ativos como ácido hialurônico, glicerina e ureia. Aplique-os logo após o banho, com a pele ainda úmida, para selar a hidratação. Beba bastante água para manter o corpo e a pele hidratados de dentro para fora.
  2. Estímulo ao colágeno
    Para combater a flacidez, invista em produtos com ativos que estimulem a produção de colágeno, como retinol, vitamina C e peptídeos. Além disso, a suplementação de colágeno hidrolisado ou peptídeos de colágeno pode ser uma boa estratégia para repor essa proteína. Converse com seu médico para saber qual a melhor opção para você.
  3. Proteção solar rigorosa
    O protetor solar é indispensável. Ele previne o aparecimento de novas manchas e protege a pele do afinamento e do envelhecimento precoce causados pelos raios UV. Use um protetor com FPS 30, no mínimo, e reaplique ao longo do dia.
  4. Tratamentos profissionais
    Para um estímulo mais profundo, a dermatologia oferece soluções eficazes. Bioestimuladores de colágeno (como o ácido polilático), lasers (para melhorar a textura e as manchas) e a radiofrequência (para combater a flacidez) são excelentes opções. Existem, inclusive, tratamentos com laser para a região íntima.
  5. Alimentação e suplementos
    Uma dieta rica em antioxidantes (frutas vermelhas e vegetais de folhas escuras), ômega-3 (peixes e sementes de chia) e vitamina C (laranja e kiwi) ajuda a nutrir a pele. Suplementos como cálcio, vitamina D e magnésio também são importantes para a saúde geral do corpo.

Não há dúvida de que a menopausa é um novo ciclo e traz mudanças inevitáveis, inclusive para a pele, mas uma rotina de cuidados pode mantê-la bonita e saudável. O segredo está em hidratar, proteger e estimular o colágeno, além de investir em tratamentos complementares, quando necessário, e na saúde geral.

Se você já percebeu mudanças na pele, consulte um especialista. Cuidar da pele é cuidar da saúde e, de quebra, é gostar do que você vê no espelho.

Por: Dra Natacha Machado 

Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005

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