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Reposição hormonal engorda? Mitos e verdades sobre o ganho de peso no climatério

“Uma amiga faz reposição hormonal e ganhou muito peso, eu tenho medo de fazer e engordar também!”. Que atire a primeira pedra quem nunca ouviu algo parecido. Se você atribui o aumento de peso ou a gordurinha acumulada no abdômen à reposição hormonal, precisamos conversar.

Quando a mulher entra no climatério – fase que começa alguns anos antes da confirmação da menopausa e se estende por alguns anos após a última menstruação -, uma série de mudanças físicas e emocionais começam a acontecer.

A mudança na distribuição da gordura corporal, que passa a se concentrar no abdômen, é uma das queixas. Mas pior do que lidar com isso é a desinformação, que perpetua ideias equivocadas sobre a menopausa e, em especial, sobre a reposição hormonal.

Para romper com esse tabu, te convido a continuar a leitura e entender, de fato, o que acontece com o organismo feminino a partir dos 40 anos.

Comida saudável nem sempre é suficiente

Muitas pacientes relatam que, mesmo mantendo uma dieta equilibrada, notam alterações significativas no corpo e no peso, com aumento de gordura localizada.

De fato, o medo de engordar (ou a dificuldade maior em perder peso após os 40 anos) é uma preocupação legítima. O equívoco está em associá-lo à reposição hormonal.

Essa alteração na balança relatada por muitas mulheres no climatério é resultado do declínio nos níveis hormônios femininos, principalmente o estrogênio. Esse hormônio tem papel essencial na distribuição de gordura no corpo, no metabolismo e até no humor e na qualidade do sono.

Ou seja, o desequilíbrio dos hormônios é determinante para o ganho do peso. Deixar de fazer a reposição é ainda pior.

Mitos e verdades sobre a reposição hormonal e o ganho de peso

Mesmo com uma dieta equilibrada, posso engordar?

Sim, mesmo seguindo uma alimentação saudável é possível ganhar peso durante o climatério. Isso acontece porque, com o avanço da idade – especialmente após os 40 anos – o metabolismo desacelera, a massa muscular tende a diminuir e há um aumento natural na resistência à insulina, o que favorece o acúmulo de gordura, principalmente na região abdominal.

    Além disso, mudanças hormonais afetam o apetite e a forma como o corpo armazena energia. Na maioria das vezes é necessário readequar a alimentação, aumentar o consumo de proteínas e fibras e cumprir (ou iniciar) uma rotina de exercícios para manter o peso sob controle.

    A reposição hormonal engorda?

    Esse é um dos maiores mitos sobre o tratamento hormonal. A terapia de reposição hormonal não engorda. O que realmente pode contribuir para o aumento de peso são os efeitos da queda hormonal – como fadiga, insônia, irritabilidade e redução de energia – que favorecem o sedentarismo, a má alimentação e a piora da qualidade de vida.

    No fim, temos um ciclo que se repete: falta energia para atividades físicas, a mulher engorda, a autoestima é afetada e a comida, em especial doces e bebidas alcoólicas, são usados como compensação para as emoções.

    Na verdade, a reposição ajuda no controle do peso, pois equilibra os hormônios, melhora a disposição, o sono, o humor e a motivação para cuidar do corpo. Quando bem indicada e acompanhada por um especialista, ela se torna uma aliada importante nessa fase da vida.

    É mais difícil emagrecer depois dos 40 anos?

    Depende. É verdade que o corpo responde de maneira diferente após os 40 anos. A composição corporal muda, a taxa metabólica basal diminui e a resposta aos estímulos físicos pode ser mais lenta. Mas isso não significa que seja impossível emagrecer.

    Com acompanhamento nutricional, rotina de atividades físicas (incluindo musculação e exercícios aeróbicos) e, se necessário, reposição hormonal, é totalmente possível perder peso e melhorar a composição corporal. O segredo está na constância e em apostar em estratégias personalizadas.

    A gordura abdominal aumenta por causa da queda hormonal?

    Verdade. A distribuição de gordura corporal é altamente influenciada pelos hormônios femininos, especialmente o estrogênio. Durante a fase reprodutiva, é comum que as mulheres acumulem gordura nas coxas e quadris. Com a queda do estrogênio no climatério, essa gordura tende a se redistribuir, concentrando-se na região abdominal.
    Esse acúmulo de gordura visceral é perigoso, pois está associado a um maior risco cardiovascular, resistência à insulina e diabetes tipo 2. Portanto, cuidar da alimentação, reforçar a prática de atividade física e, quando indicado, iniciar a reposição hormonal, ajuda a prevenir complicações metabólicas.

    Toda reposição hormonal tem o mesmo efeito no corpo?

    Mito. Existem diferentes tipos e vias de administração de hormônios: oral, transdérmica (adesivos ou géis), implantes, entre outros. A escolha depende do perfil da paciente, histórico de saúde, sintomas e estilo de vida. Cada tratamento pode ter efeitos diferentes em aspectos como retenção de líquidos, metabolismo e composição corporal.

    Por isso, é essencial que o tratamento seja personalizado. O acompanhamento médico regular e o respeito à individualidade de cada mulher garantem segurança, eficácia e resultados melhores no controle dos sintomas.

    A reposição hormonal melhora minha energia para treinar?

    Verdade. Sintomas como cansaço, insônia, alterações de humor e dores articulares são muito comuns durante o climatério e afetam diretamente a motivação para praticar exercícios.

    A reposição hormonal melhora da qualidade do sono, o humor e a disposição, o que facilita a rotina de atividades físicas. Como resultado, a mulher sente mais controle sobre o próprio corpo, mais energia no dia a dia e melhor resposta ao treino físico, favorecendo a perda de peso e o ganho de massa muscular.

    Se estou acima do peso, não posso fazer reposição hormonal?

    Mito. Ter sobrepeso não impede a mulher de fazer a reposição hormonal. O mais importante é avaliar o risco cardiovascular, histórico familiar, saúde do fígado, presença de doenças associadas e outros fatores.

    Para pacientes com sobrepeso, o tratamento não só controla os sintomas do climatério como estimula a adoção de um estilo de vida saudável. O importante é individualizar o tratamento. Cada mulher tem uma jornada única e a reposição hormonal pode ser uma aliada importante, desde que bem indicada e monitorada.

    Reposição hormonal e o ganho de peso na menopausa

      Independentemente dos mitos e verdades que cercam o climatério, há uma certeza inquestionável: essa é uma etapa natural e inevitável na vida de todas as mulheres. No entanto, a forma como cada uma irá vivenciar esse período é única.

      Algumas mulheres terão sintomas mais intensos, outras passarão por ele com mais leveza – e tudo bem.

      O mais importante é compreender que não existe um único caminho ou uma fórmula padrão. O que faz diferença, de verdade, é buscar acompanhamento médico qualificado, manter o foco na saúde do corpo e da mente e respeitar o seu tempo, seu ritmo e suas escolhas.

      Com informação de qualidade, acolhimento e cuidado é possível atravessar o climatério com muito mais equilíbrio, segurança e bem-estar. Afinal, viver bem essa fase é um direito de todas nós e, principalmente, um ato de autocuidado.

      Por: Dra Natacha Machado 

      Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005

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