Entenda o que acontece e como resgatar o prazer e a intimidade na fase da menopausa.
Muita gente associa o termo libido exclusivamente ao desejo sexual. Só que libido é mais do que isso: é uma energia vital que nos impulsiona. No climatério, esse tema entra em evidência porque quando os hormônios estão em queda, eles levam junto essa “vitalidade”.
Um artigo publicado na Revista Femina, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, revela que 72% das mulheres no climatério têm queixas relacionadas à Disfunção do Desejo Sexual Hipoativo (DDSH) e à redução da frequência sexual.
O percentual é alto, mas o problema tem solução. Se você quer resgatar a disposição, a intimidade, o prazer e o bem-estar na relação conjugal, esse artigo traz todas as informações. Confira!
A influencia dos hormônios na libido na menopausa
A principal razão fisiológica por trás da baixa libido no climatério é a flutuação e a queda dos níveis hormonais.
Com a diminuição gradual do estrogênio e da testosterona (sim, mulheres também produzem testosterona e ela tem um papel crucial no desejo sexual!), uma série de mudanças acontece:
- Ressecamento vaginal e dor na relação (dispareunia): a queda do estrogênio afina as paredes vaginais e diminui a lubrificação natural. Isso pode tornar a penetração dolorosa, o que naturalmente leva a uma aversão à atividade sexual.
- Diminuição da sensibilidade: a redução hormonal pode afetar a sensibilidade clitoriana e vaginal, tornando mais difícil atingir o orgasmo ou sentir prazer.
- Fadiga e baixa de energia: o desequilíbrio hormonal pode causar cansaço extremo e insônia, deixando pouco espaço para o desejo sexual.
- Alterações de humor: irritabilidade, ansiedade e depressão, comuns no climatério, também afetam o interesse sexual.
Já sabemos que a questão hormonal afeta a libido, mas fatores como estresse, problemas no relacionamento, baixo autoestima, distorção da imagem corporal, uso de alguns medicamentos e condições crônicas de saúde também desempenham um papel significativo quando o assunto é desejo sexual.
Ou seja, a perda de libido tem razões multidisciplinares.
A importância da saúde sexual: um direito fundamental
A saúde sexual, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um direito humano fundamental.
Isso significa que ter uma vida sexual satisfatória e prazerosa é um componente importante para o bem-estar geral de uma pessoa. Não se trata apenas de reprodução, mas de prazer, intimidade, comunicação e autoexpressão.
Muitas mulheres, ao perceberem a baixa da libido, sentem-se envergonhadas, culpadas, menos femininas, mas é crucial desmistificar essa ideia. Resgatar a vida sexual em qualquer idade é sinônimo de qualidade de vida, felicidade e conexão mais profunda consigo mesma e com a parceria.
Vantagens do relacionamento sexual e do orgasmo para a saúde
Os benefícios de uma vida sexual ativa e satisfatória vão muito além do prazer momentâneo. O relacionamento sexual e o orgasmo melhoram a saúde física e mental.
Vantagens para a saúde física
• Melhora da saúde cardiovascular: a atividade sexual é um excelente exercício, aumentando a frequência cardíaca e a circulação sanguínea, o que beneficia o coração.
• Fortalecimento do assoalho pélvico: exercita os músculos da região, ajudando na prevenção e tratamento da incontinência urinária.
• Alívio da dor: o corpo libera endorfinas durante o orgasmo, que são analgésicos naturais.
• Melhora do sono: a liberação de ocitocina e prolactina após o orgasmo promove relaxamento e um sono mais profundo.
• Reforço da imunidade: estudos sugerem que a atividade sexual regular pode fortalecer o sistema imunológico.
Vantagens para a saúde mental e emocional
• Redução do estresse e ansiedade: a liberação de endorfinas, ocitocina e dopamina promove bem-estar e relaxamento.
• Melhora da autoestima e imagem corporal: sentir-se desejada e capaz de sentir prazer aumenta a confiança e a percepção positiva de si mesma.
• Fortalecimento do vínculo afetivo: a intimidade física aprofunda a conexão emocional com o parceiro, promovendo cumplicidade e satisfação no relacionamento.
• Melhora do humor: o orgasmo atua como um potente “antidepressivo natural”.
Como melhorar a libido na menopausa?
Para recuperar a libido existem estratégias e tratamentos. Algumas dicas vão ajudar nesse processo:
- Comunicação aberta com o parceiro: a base de tudo é a conversa. Explique o que você está sentindo, seus medos e preocupações. A compreensão e o apoio mútuo são essenciais.
- Busque ajuda especializada: não hesite em procurar seu ginecologista e expor o problema. É fundamental investigar a causa da baixa libido. O tratamento hormonal é a maneira mais eficaz para repor os hormônios em falta (estrogênio e, se necessário, testosterona em doses fisiológicas), aliviando o ressecamento vaginal e melhorando o desejo.
- Atenção ao prazer e à criatividade: explore outras formas de intimidade e prazer que não sejam apenas a penetração. A sexualidade é vasta e pode ser redescoberta com mais preliminares, carícias, toques e fantasias.
- Gerenciamento do estresse: práticas como meditação, yoga, exercícios físicos regulares e terapia ajudam no controle do estresse e da ansiedade, fatores que impactam diretamente a libido.
- Cuidado com a saúde geral: ter uma alimentação equilibrada, sono de qualidade e evitar o álcool e o tabagismo contribuem para a saúde geral, a disposição, a vitalidade e o desejo sexual.
A menopausa não significa o fim da vida sexual. Pelo contrário: resgatar a libido e a intimidade assim que o climatério começa é uma oportunidade de se reconectar com o corpo, o prazer e a parceria.
Se a falta de desejo está afetando sua qualidade de vida, agende uma consulta e conversa com seu médico.
Por: Dra Natacha Machado
Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005