Quando suspeitar que a menopausa está chegando?
Toda mulher sabe (ou deveria saber): se chegar aos 50 anos (em média) vai viver a menopausa. E que bom, porque é um privilégio estar viva com a oportunidade de olhar para o futuro. Melhor ainda se estiver decidida a cuidar de si mesma.
Todas sabemos que a menopausa é uma etapa natural da vida e deveríamos estar preparadas para ela. No entanto, há quem ainda se assuste ao perceber os primeiros sintomas do climatério – sintomas que surgem, em média, 8 anos da menopausa propriamente dita.
Para muitas mulheres, o que se sabe sobre o tema é o que se ouviu falar. De maneira geral, os relatos são ruins, focados nos sintomas e transformações traumáticas. Mas, afinal, o que indica o início dessa fase? Quando suspeitar dos sintomas? A quem recorrer? Como tornar essa etapa da vida mais leve e saudável?
Se você já se pegou fazendo essas perguntas, as respostas estão aqui!
Não transforme o climatério em um pesadelo
A verdade é que o climatério pode ser leve para quem decide encará-lo de frente, com a mente aberta e informação de qualidade.
Minha melhor recomendação para as mulheres a partir dos 40 anos é que olhem para si mesmas, observem as mudanças físicas e estejam atentas às alterações emocionais pelas quais estão passando.
Nem sempre os sinais são claros como os calorões e as irregularidades menstruais.
Muitas vezes, o que chama a atenção é o despertar de madrugada, a irritabilidade desmedida, uma tristeza súbita e sem explicação, alguns quilos a mais sem que se tenha mudado a dieta, lapsos de memória ou fadiga extrema.
Reconhecer que algo mudou e buscar orientação médica é fundamental para confirmar se os sintomas estão ou não relacionados aos hormônios.
Como saber se estou na menopausa?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a mulher estará, de fato, na menopausa após 12 meses seguidos sem menstruar. Os anos que antecedem essa data específica são conhecidos como climatério, o que pode durar até 10 anos, iniciando, em geral, por volta dos 40 anos de idade.
Com rotinas corridas e atribuladas, muitas mulheres entram no climatério e nem suspeitam disso. A demora no diagnóstico acontece porque elas associam os desconfortos diários a outras causas variadas. Algumas, inclusive, querem negar o óbvio ou fugir do estigma do envelhecimento.
O pior é que, negligenciando a chegada do climatério, muitas mulheres acabam usando medicamentos para amenizar os sintomas. Dessa forma, elas não tratam a real causa dos problemas – que pode ser unicamente a questão hormonal.
Por isso, é importante se informar sobre a menopausa e o climatério e conhecer os sinais que indicam que você chegou nessa nova fase. E lembre-se: é importante reconhecer isso e começar o tratamento o quanto antes.
Confira alguns sintomas possíveis já no início do climatério:
Insônia
A diminuição dos níveis de estrogênio, responsável por regular o sono, pode causar dificuldades para adormecer, despertar frequente durante a noite e um sono não reparador.
A dificuldade em pegar no sono pode impactar significativamente na qualidade de vida da mulher, causando indisposição, irritabilidade e dificuldade de concentração durante o dia.
Além disso, a sudorese noturna – outra característica do climatério – contribui para a fragmentação do sono e para as noites mal dormidas.
Alterações do humor
A diminuição do estrogênio influencia diretamente o sistema nervoso central, afetando o humor e o bem-estar emocional.
Por causa dessa instabilidade hormonal surgem sintomas como ansiedade, tristeza, depressão, irritabilidade e pouca (pouquíssima) paciência. Há quem classifique essa sensação como uma montanha-russa de emoções ou uma TPM interminável.
Outros fatores como a dificuldade em lidar com as mudanças corporais e sociais, coisa bem característica dessa fase da vida, podem intensificar as alterações de humor.
Ressecamento vaginal
A secura vaginal é uma queixa comum durante o climatério, causada principalmente pela diminuição dos níveis de estrogênio. Esse hormônio desempenha um papel fundamental na lubrificação vaginal e na saúde dos tecidos vaginais.
Durante o climatério, a produção de estrogênio diminui e leva à atrofia vaginal, um problema caracterizado pelo afinamento das paredes vaginais, diminuição da elasticidade e redução da produção de muco.
Essa condição pode causar desconforto, coceira, ardência e dor durante as relações sexuais, impactando significativamente a autoestima e a qualidade da vida sexual.
Lapsos de memória e dificuldade de concentração
A névoa cerebral, caracterizada por lapsos de memória, dificuldade de concentração, falta de foco e desatenção, é uma queixa típica do início do climatério.
A diminuição dos níveis de estrogênio, hormônio fundamental para diversas funções cerebrais, está diretamente relacionada a essa condição.
O estrogênio desempenha um papel importante na plasticidade cerebral, na formação de novas conexões neuronais e na memória. Com a queda nos níveis desse hormônio, essas funções podem ser comprometidas, levando a dificuldades cognitivas.
Além disso, as alterações hormonais, como já vimos, podem afetar o sono, o que por sua vez, impacta negativamente na memória e na capacidade de concentração. A combinação desses fatores leva à sensação de “cérebro embotado” relatada por muitas mulheres.
Fadiga
A sensação de exaustão que nunca passa, mesmo após boas horas de descanso, pode ser atribuída a diversas alterações que ocorrem no corpo da mulher durante o climatério.
A principal causa, é claro, está na flutuação hormonal, especialmente na diminuição dos níveis de estrogênio. Mas a falta de sono reparador, as alterações de humor e a ansiedade também favorecem a sensação de esgotamento físico e mental.
A fadiga tem impactos na qualidade de vida e interfere nas atividades diárias e nos relacionamentos, por isso, é um importante sinal de alerta.
Pele flácida, unhas e cabelos quebradiços
Mais uma vez ele: o estrogênio! Esse hormônio desempenha um papel importante na produção de colágeno, uma proteína essencial para a elasticidade da pele e a força das unhas e cabelos.
Com a queda dos níveis hormonais, a produção de colágeno diminui, tornando unhas e cabelos mais finos, quebradiços e propensos à queda. Muitas mulheres, inclusive, veem o rosto “derreter” diante do espelho, como se a flacidez surgisse de um dia para outro.
Além disso, a desidratação, outro sintoma comum do climatério, contribui para o ressecamento da pele, unhas e cabelos, agravando ainda mais o problema.
O que fazer? Cuide de si mesma!
O envelhecimento é um processo natural e inerente aos seres vivos. No caso das mulheres, as mudanças podem acontecer de forma mais intensa a partir dos 40 anos.
Por isso, é preciso estar atenta, identificar os sinais do climatério e buscar tratamento. Com orientação médica e hábitos saudáveis de vida, todos os desconfortos podem ser controlados e o bem-estar, assegurado.
Como vimos, o corpo feminino passa por diversas transformações, principalmente devido às mudanças hormonais que antecedem e acompanham a menopausa. E cada mulher é única, por isso, os sintomas variam tanto.
Para evitar essas complicações, a receita é simples: dê atenção a qualquer mudança – por mais insignificante que pareça, mantenhas suas consultas médicas e exames de rotina em dia, adote hábitos saudáveis e informe-se.
Entender os sintomas e saber como lidar com eles faz toda a diferença.
Por: Dra Natacha Machado
Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005