Pense em quantas vezes você já se preparou para momentos importantes da vida: escolheu a faculdade que ia cursar, planejou a carreira, organizou o casamento, fez o enxoval para a chegada de um filho, planejou e economizou para a compra da casa própria, organizou uma festa de aniversário…
Até mesmo para receber amigos em casa, em um jantar, é preciso planejamento: escolher o cardápio, preparar a comida, comprar as bebidas.
Agora responda: em algum momento você se preparou para a menopausa?
Eu tenho a certeza de que a maioria das mulheres – para não dizer todas – vai responder que não. Confesse: nunca paramos para pensar nisso. Mas, por quê? Por que fazemos tantos planos para o futuro, mas nunca pensamos em nos preparar para a menopausa?
É hora de mudar essa narrativa, não acha?
O climatério consome grande parte da nossa vida. Isso porque ele antecede em cerca de 8 anos a chegada da menopausa e se estende por muitos outros após a última menstruação.
Ignorá-lo não ajuda em nada. Ser pega de surpresa também não. Por isso, é muito importante encarar esse período de maneira diferente: com planejamento, informação e autocuidado.
Preparação para a menopausa: a chance para viver essa fase com leveza
Planejar o climatério não significa antecipar problemas. Representa, na verdade, assumir o protagonismo da própria saúde e entender que o corpo vai mudar, assim como mudou na adolescência e após a maternidade, e que está tudo bem.
Essa transição hormonal faz parte da vida e, quando bem conduzida, pode ser leve e positiva. A preparação pode (e deve) começar entre os 35 e 40 anos. Por volta dessa idade, os ovários já começam, lentamente, a reduzir a produção de estrogênio e progesterona.
Ainda que a menstruação continue regular, sinais sutis podem aparecer: ciclos um pouco mais curtos ou longos, TPM mais intensa, alterações no sono ou no humor. Esses alertas são convites para prestar atenção nos hormônios e investir em cuidados preventivos.
O que fazer aos 40 (ou até antes)?
- Mantenha o acompanhamento ginecológico em dia
Consultas regulares ao ginecologista são fundamentais para monitorar não só a saúde reprodutiva, mas também o impacto das variações hormonais em todo o organismo. Acompanhamento personalizado permite intervenções precoces e melhora significativa na qualidade de vida.
- Cuide da alimentação e do intestino
Uma dieta rica em vegetais, frutas, grãos integrais, proteínas magras e alimentos anti-inflamatórios ajuda a regular os hormônios naturalmente. Reduzir o consumo de ultraprocessados, de açúcar e de álcool também faz fundamental. E atenção: cuide bem do seu intestino. Ele contribui diretamente para o equilíbrio hormonal e é mais importante do que você imagina.
- Invista em atividade física regular
Mexer o corpo é essencial para manter o metabolismo ativo, preservar a massa muscular, controlar o peso e regular o humor. Exercícios ajudam a prevenir doenças cardiovasculares e osteoporose, que se tornam mais frequentes após a menopausa.
- Durma bem e gerencie o estresse
Sono reparador e equilíbrio emocional são aliados potentes contra os sintomas do climatério. Técnicas como meditação, respiração consciente e terapia ajudam a lidar com a ansiedade e com as mudanças emocionais dessa fase.
- Converse com outras mulheres (e com as mais jovens também)
Falar sobre o climatério com as amigas, irmãs, filhas e colegas de trabalho quebra o tabu e promove apoio mútuo. Se preparamos nossas filhas para a menarca (a primeira menstruação), por que não conversamos sobre a menopausa? Informação compartilhada é acolhimento.
E se o climatério já chegou? Ainda dá tempo. Sempre dá.
Mesmo que você já esteja enfrentando os sintomas do climatério, isso não significa que não há mais o que fazer. Pelo contrário, dá tempo suficiente para reorganizar a vida e recuperar o equilíbrio.
Há recursos eficazes para aliviar sintomas, como reposição hormonal (acompanhada por um especialista), fitoterápicos, suplementos, mudanças no estilo de vida e terapias complementares.
O importante, mesmo, é procurar ajuda qualificada e não tentar enfrentar tudo sozinha. Muitas mulheres chegam ao consultório dizendo: “Achei que era normal me sentir assim”.
É verdade que a menopausa traz mudanças e é verdade que esse é um processo natural do organismo, mas viver em desconforto extremo, tristeza constante, dores persistentes e desânimo crônico não deve ser normalizado.
Planejar o climatério é investir em saúde e autonomia
Encarar o climatério como uma fase de transição – e não uma sentença de “fim” – pode mudar tudo. O climatério é um momento de ressignificação: os filhos estão maiores, a carreira já está pavimentada, a mulher está mais madura e consciente de quem é. Excelentes notícias, não é mesmo?!
Com o devido apoio médico e emocional, é possível viver essa fase com muito mais liberdade, autoconhecimento e plenitude. Não espere que o desconforto se torne insuportável para agir.
Se você tem entre 35 e 40 anos, comece agora. Se você já passou dos 40 ou 50, comece também. Planejar o climatério é tão importante quanto planejar qualquer outra grande etapa da vida, afinal, um futuro saudável começa com escolhas feitas no presente.
Agende sua consulta e vamos, juntas, fazer esse planejamento.
Por: Dra Natacha Machado
Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005