Ser mãe é: muito além de uma barriga

Ivete Sangalo, Fátima Bernardes, Ana Hickmann, Carolina Ferraz e Karina Bacchi. O que essas mulheres têm em comum, além do fato de serem famosas?

Todas recorreram a métodos de inseminação artificial para realizar o sonho da maternidade.

O Brasil é líder no ranking latino-americano de fertilização in vitro (FIV), inseminação artificial e transferência de embriões. Em 25 anos, 83 mil bebês brasileiros nasceram por meio de tratamentos de reprodução assistida.

De acordo com o 13º relatório do SisEmbrio – Sistema Nacional de Produção de Embriões divulgado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a fertilização in vitro vem crescendo no Brasil ao longo dos anos. Em 2019 (ano do estudo) foram realizados 43.956 ciclos, um crescimento de mais de 800 ciclos em relação ao ano anterior.

Mas, afinal, o que é maternidade para você?

Para mim, é muito mais do que uma barriga e as características genéticas “embarcadas” em um novo ser. É um sentimento multifacetado. É amor, acolhimento, entrega, responsabilidades, desafios e, por vezes, frustrações.

As diferentes formas de ser mãe

Existem vários caminhos para realizar o sonho de ser mãe e quando as dificuldades naturais se impõem, a medicina pode ajudar.

Gravidez natural – ocorre de forma espontânea após uma relação sexual, quando o óvulo fecundado na tuba uterina chega ao útero, se fixa no endométrio e se desenvolve por cerca de 40 semanas.

A probabilidade de uma gravidez ocorrer em um único ciclo menstrual é de 15% a 20% e as chances reduzem para 4% após os 40 anos. Por isso, é importante pensar no planejamento familiar, já que existem possibilidades de ajuda tecnológica para quem deseja adiar um pouco a maternidade. Uma delas é o congelamento de óvulos para posterior fertilização in vitro.

 Doação de gametas – feita de forma anônima e sem fins lucrativos, a doação de óvulos ou espermatozoides permite que casais que não têm condições de gerar filhos naturalmente possam se submeter a fertilização in vitro utilizando-se de gametas de doadores.

Gestação por substituição – também conhecida como barriga solidária, é um método utilizado quando uma mulher “empresta” o útero para gerir o filho de outro casal por meio da fertilização in vitro. Não pode ter fins lucrativos e no Brasil é necessário que a doadora do útero tenha uma relação de parentesco com a família.

Adoção – é quando um bebê, criança ou adolescente é permanentemente assumido como filho de uma pessoa ou casal que não sejam seus pais biológicos. Neste caso, as responsabilidades e os direitos dos pais biológicos são transferidos para os adotantes, que investem seu amor e acolhimento nesta nova relação.

Seja qual for o caminho escolhido para realizar o sonho de ser mãe, uma coisa é certa: a maternidade tem muito mais a ver com o coração do que com a barriga.

Mãe de todo jeito

Quantas vezes você já foi a “mãe” dos seus sobrinhos ou de amigos dos seus filhos? E quem nunca exercitou o lado maternal na relação com o marido? Já parou para pensar que toda babá é um pouco mãe também?

Você pode ser a “mãe” dos filhos da sua amiga e ajudar de vez em quando. Tem mãe de pet, tem mãe “emprestada”, tem a mãe que a gente é, tem aquela que a gente gostaria de ser, tem a mãe dos outros que podia ser nossa também, tem mãe que surta e que ama ao mesmo tempo. Tem mãe de todo jeito e do jeito que dá.

A maternidade é assim. É entrega. É amar o filho da própria barriga ou da barriga de outra. É amor e é dor também. É uma dose de frustração e de incerteza. É aprender todo dia a cada tentativa de fazer o melhor. É errar muitas vezes.

Afinal, estamos criando seres independentes, com vontades e escolhas próprias e que nos complementam com suas diferenças. Pequenos ou crescidos que julgamos ser só nossos, mas no fundo não são.

E é nessa complexidade toda que está a beleza da maternidade. É por isso que vale a pena celebrar todo dia a grande missão de ser mãe, mãe do jeito que for.

Por: Dra Natacha Machado 

Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005

 

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