Você já reparou como o corpo humano é incrível? Ele passa por inúmeras transformações ao longo da vida e consegue se adaptar…

Para as mulheres, a menopausa é mais uma dessas grandes mudanças. É um capítulo que marca o fim da fase reprodutiva e que surge como uma excelente oportunidade para intensificar o autocuidado.

O número de mulheres vivenciando a menopausa e a pós-menopausa tem crescido consideravelmente. Isso se dá graças ao aumento da expectativa de vida e ao avanço da ciência e da medicina.

De acordo com a Diretriz Brasileira sobre a Saúde Cardiovascular no Climatério e na Menopausa, com o envelhecimento da população, a expectativa é de que as mulheres passem pelo menos metade de suas vidas no climatério e na menopausa.

A pesquisa realizada em parceria entre o Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira de Cardiologia (DCM/SBC), Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e Sociedade Interamericana de Cardiologia (SIAC) projeta que, até 2026, mais de 1,1 bilhão de mulheres estejam na pós-menopausa, número que corresponde a 12% da população mundial.

Com o tema cada vez mais presente no dia a dia das mulheres e das famílias (sim, a menopausa traz impactos sociais e nos relacionamentos), conhecer mais sobre o assunto é fundamental… eu diria que é quase uma questão de sobrevivência.

Por isso, vou listar aqui sete fatos que, provavelmente, você desconhece sobre a menopausa. Talvez assim a gente consiga desmitificar boa parte das informações equivocadas sobre o tema.

Tudo sobre menopausa: 7 fatos que você, provavelmente, desconhece

1 – Doenças do coração são mais comuns que câncer de mama

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares, como infarto e AVC (acidente vascular cerebral), são responsáveis por um terço de todas as mortes de mulheres no mundo.

Os infartos, por exemplo, superam em oito vezes os óbitos decorrentes do câncer de mama. Na menopausa, devido à queda na produção do estrogênio, o coração fica mais vulnerável ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Isso ocorre porque o hormônio possui ação hemodinâmica, metabólica e vascular, atuando diretamente na proteção do coração e dos vasos sanguíneos. Sem ele, os riscos de problemas cardíacos aumentam.

Somado a isso, outros fatores como estilo de vida sedentário, má alimentação, obesidade, tabagismo, pressão alta, diabetes, colesterol e histórico familiar de doenças cardíacas contribuem para o surgimento de problemas cardiovasculares.

2 – Pressão arterial afeta mais mulheres do que homens

Segundo dados do Ministério da Saúde, a hipertensão arterial atinge cerca de 28% da população brasileira, sendo que, mais da metade, aproximadamente 54% desse grupo são mulheres.

A prevalência de pressão alta aumenta significativamente após os 50 anos no público feminino, o que está diretamente relacionado com a menopausa e com a queda do estrogênio.

Vale lembrar que o estrogênio ajuda a manter a elasticidade dos vasos sanguíneos, promovendo a vasodilatação e reduzindo a resistência vascular. Dessa forma, o hormônio contribui para a manutenção dos níveis saudáveis de pressão arterial.

Sem o estrogênio podem ocorrer alterações no funcionamento dos vasos sanguíneos e as chances de a pressão arterial se elevar aumentam significativamente.

3 – 150 minutos de exercícios aeróbicos semanais são suficientes

Atividade física regular é recomendação médica na menopausa e precisar ser um compromisso assumido pelas mulheres que buscam saúde e qualidade de vida.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica pelo menos 150 minutos semanais de exercícios aeróbicos de intensidade moderada para adultos de meia-idade. Pode ser caminhada, natação, hidroginástica, ciclismo… o que você preferir. O importante é manter a constância e se movimentar diariamente.

Para completar os benefícios à saúde é importante associar a atividade aeróbica à musculação, no mínimo, duas vezes por semana. Os exercícios de força são essenciais para a saúde óssea e a manutenção da massa muscular.

Com os exercícios em dia, a mulher protege sua saúde das doenças cardíacas, diabetes, osteoporose e até de alguns tipos de câncer. Além disso, a atividade física regular contribui para o controle do peso corporal, reduz o estresse e melhora a saúde mental.

4 – Controlar o peso não tem a ver com estética

O ganho de peso é um dos sintomas que muitas mulheres relatam na menopausa. Esses quilinhos a mais na balança são consequência da diminuição da produção de estrogênio, que tem atuação importante na regulação do metabolismo e da distribuição da gordura corporal.

Portanto, levar uma vida ativa, priorizando exercícios regulares e uma alimentação saudável é fundamental para controlar o peso. Na menopausa é essencial rever a dieta. Tudo o que funcionava bem antes dos 40 anos não é mais tão eficaz quando o climatério chega.

Além disso, o ganho de peso excessivo e a obesidade podem desencadear uma série de problemas para a vida da mulher, como diabetes, doenças cardiovasculares etc. Lembre-se: a obesidade também é fator de risco para diversos tipos de câncer.

5 – Estresse faz mal ao coração

A queda dos níveis de estrogênio e de progesterona pode levar ao desequilíbrio dos neurotransmissores – substâncias que atuam na comunicação entre os neurônios e outras células do corpo.

Por causa dessa “falha” de comunicação, as manifestações emocionais ficam mais evidentes e se manifestam, especialmente, nos níveis mais altos de estresse, irritabilidade, ansiedade e falta de motivação.

Quando a mulher está vivendo altos picos de estresse, o corpo libera hormônios que aumentam a pressão arterial e aceleram o coração. Quando esse quadro se repete com frequência, há um risco maior de inflamação nas artérias, aumento do colesterol ruim e até infarto.

Ter um estilo de vida saudável (alimentação balanceada, exercícios físicos diários e sono de qualidade), assim como garantir que os hormônios estejam nos níveis adequados, ajuda a combater o estresse.

Se você associar reposição hormonal, atividade física, controle do estresse e dieta equilibrada a atividades relaxantes como yoga e meditação, o combo de saúde estará completo.

6 – Menopausa não é sentença para o fim da vida sexual

A diminuição da libido é uma queixa muito comum na menopausa e pode ser agravada pela baixa na produção hormonal – embora, raramente, esse seja o único motivo.

É claro que, sem estrogênio suficiente, a mulher sofre com secura vaginal e desconforto na relação sexual. No entanto, esse fator combinado a relacionamentos desgastados, estresse, preocupação com os filhos e rotina agitada acentua a falta de desejo sexual.

Parece um ciclo sem fim, mas não é! O primeiro ponto a ter em mente, sempre, é que a menopausa não significa o fim da vida sexual. Pelo contrário, é uma fase nova em que a mulher pode explorar seu corpo sem medo de uma gravidez não planejada, por exemplo.

A liberdade e a maturidade sexual aumentam quando a mulher conhece bem seu corpo e já sabe o que gosta ou não gosta. Por isso, a baixa libido pode e deve, sim, ser tratada.

Anote aí: o primeiro passo é ser sincera com seu médico, relatando todos os sintomas e incômodos. Dessa forma, ele saberá fazer as recomendações adequadas para o tratamento, que, além da reposição hormonal, pode incluir recursos como psicoterapia, terapia de casal, educação sexual etc.

7 – Menopausa não é uma doença

A menopausa não é uma doença, é só mais uma fase natural da vida da mulher. Afinal, ninguém chama a puberdade, a gestação ou o puerpério de doença, chama? Todas essas fases são regidas por hormônios femininos e não faz sentido tratar a menopausa de forma diferente.

Os problemas dessa “nova” etapa da vida da mulher são os sintomas incômodos (que têm tratamento) e o risco de doenças graves no futuro (quando a mulher negligencia o tratamento). Isso sim é preocupante!

Existem vários recursos para controlar e amenizar os desconfortos e os riscos que a falta de hormônios femininos pode provocar. O mais indicado é a reposição hormonal, que além de trazer mais qualidade de vida ainda faz a prevenção de doenças futuras.

É por isso que, embora não seja uma doença, a menopausa deve ser acompanhada por um especialista. Só ele saberá indicar o tratamento adequado e personalizado de acordo com o histórico clínico, a predisposição a doenças, as queixas e as necessidades de cada paciente.

Por fim, tenha em mente: a menopausa pode ser vivida de forma prazerosa, tranquila e saudável se for aceita e tratada por quem entende do assunto.

Por: Dra Natacha Machado 

Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005

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