Reposição hormonal: por que esse tratamento é tão recomendado?

A resposta é simples. Porque a reposição hormonal é o que existe de mais efetivo para tratar os sintomas do climatério, com benefícios pré e pós-menopausa. Quando o organismo não produz mais os hormônios femininos, o jeito é repor. 

Essa conduta vai muito além de aliviar os sintomas imediatos do climatério. A reposição hormonal atua como uma importante proteção contra doenças futuras e, por sua eficácia, merece o nosso crédito.

Ao repor os hormônios que estão em falta, as mulheres reduzem os riscos de problemas cardiovasculares, osteoporose, demência, diabetes tipo 2 e doenças que podem surgir com o avanço da idade. Por isso, é uma ótima alternativa para quem deseja saúde e qualidade de vida no futuro.

Eu sempre defendi a reposição hormonal como a estratégia mais eficaz para reduzir os impactos do climatério na rotina das mulheres… e não estou sozinha. O Consenso Brasileiro de Terapêutica Hormonal do Climatério – edição 2024, publicado pela Associação Brasileira do Climatério (Sobrac), é a prova disso. 

O documento trata exatamente dos benefícios da reposição hormonal e dos cuidados necessários com as pacientes nessa fase. Se você ainda tem dúvidas, confira perguntas e respostas sobre o tema.

  • Menopausa é doença?

Não, a menopausa não é uma doença, é processo natural e biológico pelo qual as mulheres passam, caracterizado pelo fim permanente da menstruação e da fertilidade. 

Ocorre, geralmente, entre os 45 e 55 anos e tem efeitos físicos e emocionais indesejados que, no futuro, podem desencadear doenças. 

  • Se a menopausa não é doença, por que ela está classificada no CID?

O CID – Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde – é um padrão internacional utilizado para identificar doenças ou outros transtornos de saúde. É justamente nessa categoria que ela é enquadrada, sendo classificada como N95 – Transtornos da menopausa e da perimenopausa.

Ainda que não seja uma doença, a menopausa requer atenção tanto para aliviar os sintomas quanto para proteger a saúde feminina. Isso porque, se não for bem acompanhada, aí sim poderá desencadear doenças graves – e, consequentemente, novos CIDs.

  • Toda mulher pode fazer a reposição hormonal?

A reposição hormonal é indicada para a maioria das mulheres e, com acompanhamento médico e exames de acompanhamento, é extremamente segura. 

Existem, no entanto, algumas contraindicações para o uso de hormônios, como sangramento vaginal inexplicável, doença hepática, histórico de câncer hormônio-dependente (como o câncer de mama, por exemplo), hipertensão arterial sem controle, tromboembolismo venoso prévio (TEV), histórico pessoal ou alto risco de doença tromboembólica hereditária, além de mulheres que tiveram infarto ou AVC.

A regra é: converse com o seu médico. Ele saberá indicar o tratamento mais adequado para cada caso.

  • Como fica a saúde e o futuro das pacientes que têm contraindicações? 

Se você tem contraindicações para a reposição hormonal, não se preocupe. O uso de hormônios é a primeira linha de tratamento, mas não a única. Existem outros recursos para aliviar os sintomas do climatério e cuidar da saúde.

Os fitoterápicos, por exemplo, são grandes aliados. E lembre-se: tenha você contraindicação ou não, uma coisa é certa: a mudança no estilo de vida é obrigatória depois dos 40 anos. 

Exercício físicos diários, alimentação saudável (e, eventualmente, suplementação de vitaminas), atividades de relaxamento, controle do estresse, sono de qualidade, zero cigarro e zero álcool são regra geral.

  • Se existem outras opções de tratamento, por que fazer reposição hormonal?

Como já vimos, a reposição hormonal é a mais efetiva para o tratamento de sintomas vasomotores, problemas geniturinários, resistência à insulina, prevenção ao Alzheimer ou a outras formas de demência precoce. Também previne a osteoporose, reduz o risco de câncer de cólon etc.

Ou seja, a reposição não é um benefício apenas momentâneo. Você pode até achar que lida bem com os sintomas do climatério e que eles não atrapalham a sua rotina atual, mas quem deseja viver muitos anos sem problemas de saúde precisa começar a se cuidar agora.

  • O que eu preciso fazer antes de iniciar a reposição hormonal?

O primeiro passo logo que os primeiros sintomas do climatério surgem é consultar um médico especialista na área. Depois da anamnese, é hora de fazer exames complementares para excluir possíveis contraindicações e definir os hormônios a serem repostos, as dosagens e a melhor via de administração.

A história clínica, o exame físico e os exames laboratoriais e de imagem – solicitados conforme avaliação do médico – são capazes de orientar o tratamento que, obviamente, precisa ser decidido em conjunto com um especialista e, acima de tudo, requer a adesão da paciente.

  • Quais são os principais hormônios que precisam ser repostos no climatério?

A reposição hormonal do climatério é baseada na prescrição dos hormônios sexuais femininos. Como eles deixam de ser produzidos naturalmente pelo organismo, é importante que sejam repostos.

Em geral é feita a reposição de estrogênio e progesterona. Dependendo do caso, pode-se também repor a testosterona, sempre em níveis fisiológicos femininos. As doses usadas e as vias de administração são individualizadas, respeitando as manifestações clínicas e o histórico individual de cada paciente.

  • Quais são os sintomas mais comuns do climatério?

Os fogachos e suores noturnos são os sintomas mais “famosos” quando se fala em menopausa. Cerca de 80% das mulheres se queixam desse calor intenso e repentino, que persiste em média por 7,4 anos.

Os sintomas vasomotores podem até ser os mais populares, mas estão longe de serem os únicos. Outras queixas comuns são:

  • diminuição da qualidade do sono: dificuldade de adormecer, despertar frequente no meio da noite ou insônia;
  • síndrome geniturinária: ressecamento vaginal, ardência, atrofia, dispareunia, urgência miccional, infecções vaginais ou urinárias recorrentes e disúria;
  • redução da resistência óssea: risco aumentado de fraturas;
  • alterações emocionais: mudanças psicológicas significativas, irritação, ansiedade e maior propensão à depressão.

 

Agora que você já esclareceu as principais dúvidas sobre a reposição hormonal, pare de negligenciar sua saúde. O seu “eu” do futuro agradece!

Por: Dra Natacha Machado 

Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005

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