“Reposição hormonal causa câncer de mama?” Com certeza, essa é a pergunta do milhão e está entre as principais dúvidassobre o uso de hormônios como tratamento no climatério.

O tema ainda assusta e tira o sono de muitas mulheres, mas essa relação direta de causa e consequência não existe. Ou seja, não é porque alguém faz reposição hormonal que terá câncer de mama. 

Cadapaciente é única e precisa ser observadae tratada de acordo com suas individualidades, sintomas, predisposição genética, histórico clínico, estilo de vida etc.A única regra é:precisamos estar atentas e bem-informadas.

A verdade é que, por mais que você tema esse assunto, a reposição não é a grande vilã. Muito pelo contrário! Quando feita com acompanhamento médico adequado, ela é segura e traz benefícios imediatos e futuros.

Se existe algum risco na reposição hormonal é importante deixar claro:esse risco está na mesma prateleira de outros fatores, como o tabagismo, a ingestão de álcool, o sedentarismo e a obesidade. Issopouca gente teme, mas deveria.

Os fatores de risco a que estamos expostas ao longo da vida é imensa, mas admita: você se preocupa mais com a reposição hormonal do que com toda a lista que mencionei acima, não é mesmo?

A grande maioria das mulheres que resiste à ideia de fazer a reposição durante o climatério usou contraceptivos hormonais a vida inteira sem qualquer receio.Então, o que desencadeia tanto medo agora? Tabu, preconceito e pouca informação, provavelmente.

Estudos mostram a evolução dos tratamentos

A reposição hormonal e a sua relação com o câncer de mama têm sido tema de muitos estudos e pesquisas nos últimos anos, o que é ótimo. Esses dados nos permitem evoluir e oferecer tratamentos cada vez mais eficientes e seguros.

O sucesso, ou não, da reposição hormonal se deve a três fatores principais: a combinação dos hormônios utilizados no tratamento, o tipo de hormônio (bioidêntico ou sintético)e como eles são administrados.Esse cuidado é fundamental para a efetividade dos resultados e para a redução dos riscos.

Um estudo realizado por pesquisadores americanos com mais de 27 mil mulheres entre 50 e 79 anos, sem antecedentes de câncer de mama e com mamografia normal, exemplifica o que estou falando.

As pacientes foram organizadas em dois grupos – com e sem útero – e receberam, aleatoriamente, a terapia hormonal combinada (estrogênio e progesteronasintéticos), estrogênio isolado ou placebo. 

Vale lembrar que não existem estudos com o uso de estrogênio e progesteronanaturais/bioidênticos, apenas com estradiol e progestinas (hormônios sintéticos).

Outro ponto é: ainda que tenha identificado um risco aumentado de câncer de mama com a reposição combinada, o estudo não levou em conta que a reposição hormonal é um fator protetor para outras doenças, como as cardiovasculares e o câncer colorretal.

E, por fim, a idadeé um fator de risco para o surgimento do câncer e as mulheres que fazem a reposição hormonal, que mantêm os exames de rotina em dia e que visitam o médico regularmente têm uma vantagem: a chance de detectar um câncer precocemente.

Você tem medo de quê?

Muitas pesquisas recentes trazem informações importantes sobre o tema. O fato é que:

  • Mulheres que usam anticoncepcional têm o mesmo risco de desenvolver câncer de mama do que mulheres que fazem reposição hormonal combinada (estradiol e progestina).
  • Mulheres que consomem álcool e/ou fumam têm risco igual ou maior ao de mulheres que fazem reposição combinada.
  • Mulheres com sobrepeso ou obesidade têm o risco mais do que dobrado.
  • Mulheres que fazem atividade física têm o risco consideravelmente reduzido.

E o que tudo isso nos diz quando o assunto é câncer de mama? Primeiro, que o tabagismo, a ingestão de álcool e a obesidade são fatores de risco mais preocupantes do que a reposição hormonal.

Segundo, que a reposição hormonaltemida por tantas mulheres, quando feita adequadamente,é mais segura do que o anticoncepcional, utilizado muitas vezes sem prescrição médica.

Terceiro, que a atividade física é sempre vantajosa eque elimina o altíssimo risco associado ao sobrepeso e à obesidade. Ou seja,a reposição não é a grande vilã. Ela só precisa ser individualizada, respeitando cada corpo, cada desenvolvimento e a história de cada mulher.

Câncer de mama: projeções de novos casos

O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais comum no Brasil, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. Entre as mulheres, ele fica no topo.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), até 2025 são estimados cerca de 74 milnovos casos da doença no país, o que representa uma taxa de incidência de 41,89 casos para cada 100 mil mulheres.

Se colocarmos a lupa apenas em Santa Catarina, esse número sobe e fica ainda mais preocupante, chegando a74,79 casos.

Apesar de as mulheres acima dos 50 anos terem uma propensão maior para o desenvolvimento da doença, o aumento do câncer de mama em pacientes mais jovens tem chamado a atenção.

Atualmente, no Brasil, a incidência da doença em mulheres com menos de 35 anos está entre 4% e 5%. Historicamente, esse índice não passava de 2%nessa faixa etária.

A mudança no padrão da doença não é observada apenas no Brasil, mas também em outros países em desenvolvimento. Os números são explicados, principalmente, pelo modelo de vida que as mulheres levam.

Fatores que já citei aqui, como tabagismo, consumo de álcool e alimentação inadequada associados à rotina agitada, menor número de filhos e gestações cada vez mais tardias podem estar influenciando esse fenômeno.

Fatores de risco para o câncer de mama

Se os hábitos comportamentais influenciamno risco de desenvolvimento do câncer de mama, é urgente falarmos sobre o assunto. O autocuidado feminino, especialmente depois dos 40 anos, não envolve apenas o autoexame dos seios.

É claro que ele deve ser feito, masessa fase exige um pouco mais das mulheres. O autoexame e a mamografia precisam estar associados à mudança e à adequação de comportamentos para garantir uma vida mais saudável e prazerosa.

Veja como suas atitudes podem evitar o aparecimento do câncer de mama.

Dieta balanceada

Manter a saúde do corpo em dia passapor uma dieta balanceada. Consumir mais frutas e vegetais, além de evitar alimentos processados, é o primeiro passo. Segundo o estudo Women’s Health InitiativeTrial, mulheres na pós-menopausa que reduzem a quantidade de gordura em sua dieta têm risco 21% menor de sofrer com câncer de mama.

Atividade física

Movimentar o corpo só traz benefícios. Cerca de 30 minutos de atividadefísica por dia são capazes de equilibrar os níveis de hormônio, melhorar o trânsito gastrointestinal (reduzindo o tempo das substâncias inflamatórias em nosso organismo) e fortalecer o sistema imunológico.Se os brasileiros praticassem mais atividadefísica, cerca de10 mil novos casos de câncer poderiam ser evitados por ano.

Tabagismo

A cada tragada, um fumanteinalacerca de 4.700 substâncias tóxicas capazes de desencadearcerca de 50 doenças diferentes. De acordo com um estudo publicadona BreastCancerResearch,mulheres que fumam por mais de 30 anostêm 22% mais chances de desenvolver câncer de mama.

Álcool

Independentemente da dose e do tipo de bebida, o álcool tem potencial carcinogênico, ou seja, pode influenciar no surgimento de diversos tipos de cânceres. Para o câncer de mama, a ingestão de álcool é um fator de risco, especialmente porque impacta na capacidade do fígado de controlar os níveis sanguíneos dos hormônios femininos, o que aumenta as chances de desenvolvimento da doença.

É hora de acabar de vez com esse mito

O climatério é uma fase sensível na vida da mulher e merece atenção e cuidados. Isso significa que não podemos descartar os melhores tratamentos, como a reposição hormonal.

A reposição hormonal é completamente individual, personalizada eleva em consideração as particularidades de cada paciente. Entre os objetivos estão a saúde e o bem-estar da mulher em um períodotão cheio de mudanças e desconfortos.

E veja: ainda que seja eficiente, o uso de hormônios durante o climatério só será indicadose for adequado para você.Há casos em que a reposição é, de fato, contraindicada, mas existem outras opçõescoerentes.

O importante é manter o acompanhamento médicoem dia e ter a seu lado um especialista em climatério. Não deixeque a falta de informação impossibilite você de ter uma vida mais tranquila e saudável.

Busque ajude, tire suas dúvidas e se permita ter mais qualidade de vida depois dos 40 anos. Todas nós merecemos! Se você quiser, eu posso ajudar!

Por: Dra Natacha Machado 

Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005

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