Endometriose: mudança no estilo de vida ajuda a controlar a doença

“Cólica menstrual é normal. Coisa de mulher. A maioria tem.”

Crescemos ouvindo isso e acreditando que está tudo bem, que precisamos nos adaptar. Eu digo e repito: sentir dor não é normal e não há motivo para nos sujeitarmos ao sofrimento.

O problema é que, acostumadas a negligenciar boa parte do que sentimos, acabamos “deixando pra lá” e os meses passam.

Até que um dia a cólica aumenta. Vai ficando insuportável mês a mês. Mais intensa que o habitual. Aparece inclusive fora do período menstrual. Torna-se crônica, progressiva e presente também durante a relação sexual. Engravidar fica difícil.

Esses são os sinais de alerta para a endometriose, uma doença autoimune e de caráter inflamatório, ainda de causa desconhecida, considerada a principal responsável pela infertilidade feminina.

Estudos mostram que entre 20% e 50% das mulheres que sonham com a maternidade, mas não conseguem engravidar, enfrentam a doença.

Quando o endométrio extrapola seus limites

O endométrio é um tecido que reveste internamente o útero e é expelido durante a menstruação. Quando essa mucosa cresce fora do útero ocorre o que chamamos de endometriose.

Como é uma doença progressiva, há casos em que o comprometimento é profundo e o tecido – ao extravasar seu local de origem – pode se fixar em qualquer parte do corpo, mais comumente nos ovários, trompa, bexiga, intestino, peritônio, mas podendo chegar até mesmo nos pulmões, coração, cérebro, ou seja, não há limites.

Por ser uma doença progressiva, piorando a cada ciclo menstrual, os sintomas que costumam iniciar na adolescência de forma leve aparecem de forma mais evidente na terceira década de vida.

A suspeita clínica é confirmada por exames de ressonância magnética ou ultrassom de mapeamento e, sem cura, é necessário – e possível – fazer o controle rigoroso para amenizar os sintomas e as dores.

E como é possível controlar a endometriose?

Se você utiliza métodos para suspender o fluxo menstrual, percebeu alívio nas cólicas e acha que está tudo bem, lamento informar: você está errada! O tratamento passa por mudanças no estilo de vida!

Por isso:

  • Mantenha uma alimentação saudável, natural e equilibrada.
  • Limite o consumo de alimentos inflamatórios (lactose, glúten e açúcar).
  • Faça atividades físicas regulares.
  • Se for o caso, o médico indicará métodos para o bloqueio menstrual.
  • Em caso de comprometimento de outros órgãos, pode haver necessidade de cirurgia.

Seja o protagonista no seu tratamento

O mais importante é reforçar: o tratamento eficaz depende do seu compromisso pessoal. Certamente, irá muito além de tomar a medicação de maneira correta e nos horários indicados.

Se há alguns anos as tradicionais pílulas anticoncepcionais pareciam resolver quase todos os problemas femininos, hoje as mulheres precisam entender que a função dos contraceptivos é justamente essa: ser um método que evita a gravidez – e não outra finalidade.

Claro que, por conter hormônios, esses medicamentos ajudam a amenizar sintomas de algumas doenças, mas não curam.

Portanto, não seja “refém” de prescrições que não avaliam você como um ser complexo, completo e único. Nem tudo se resolve com anticoncepcional, ok?

Se a medicina evolui, por que você vai ficar parado?

Discuta com o seu médico o melhor tratamento. Questione. Pergunte sobre as novas abordagens terapêuticas, novos estudos, olhares modernos. Informe-se. Essa é a melhor maneira, hoje em dia, de se prevenir, fazer a detecção precoce e tratar as doenças.

No caso da endometriose, há diferentes caminhos e existem métodos e alternativas não hormonais. O importante é você conhecer todas as possibilidades e assumir que o sucesso do tratamento não depende apenas do médico e da farmácia. Pelo contrário, exigirá seu esforço, mas valerá muito a pena.

Como já mencionei, exercícios físicos, técnicas de relaxamento e mudanças no padrão alimentar são parte importante do tratamento da endometriose.

Escolha profissionais atualizados e, se necessário, busque suporte multidisciplinar. Há equipes prontas para contribuir com a sua qualidade de vida, mas é preciso que você esteja disposta a entender sua participação ativa no processo.

A endometriose é uma doença antiga, mas o entendimento sobre as formas de conduzir o tratamento são novas!

Ficou com dúvidas? Agende a sua consulta e vamos conversar mais sobre o assunto.

Por: Dra Natacha Machado 

Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005

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