Líquen escleroso ou candidíase?

Imagine que você tenha coceira na vulva e na vagina, fissuras, irritação na região íntima, ardência ou queimação ao urinar e dor na relação sexual. De imediato, o que você pensa – assim como outras milhares de mulheres – é que se trata de candidíase.

O problema é comum e afeta 3/4 das mulheres pelo menos uma vez na vida. O quadro se repete. Candidíase de novo! Tratamento de novo! Os mesmos sintomas mais de quatro vezes em um ano? Você faz parte do universo de mulheres que têm candidíase de repetição. Que azar, é o que você pensa!

Só que a situação persiste por anos: trata a coceira, a coceira melhora. A coceira volta, a ardência aumenta, as relações sexuais vão ficando cada vez piores, os períodos entre uma crise e outra encurtam. Será mesmo candidíase de repetição?

Muitas infecções têm sintomas parecidos e podem dificultar o diagnóstico. Neste caso, as semelhanças são mera coincidência e, o pior, mascaram infecções mais graves, como o líquen escleroso ou líquen genital – uma doença inflamatória bem mais rara que a candidíase e sem cura.

A boa notícia é que, com diagnóstico correto e tratamento adequado, pode ser controlada.

Então, não era candidíase?

Se você segue à risca o tratamento de candidíase e não consegue se livrar do fungo, desconfie! É possível que seu caso seja outro.

O que é líquen escleroso?

O líquen escleroso é uma doença de pele que normalmente se manifesta na região ano-genital e afeta a qualidade de vida dos pacientes, em sua maioria mulheres.

Sua causa ainda é desconhecida, mas a probabilidade é tenha origem autoimune, com crises quando a imunidade baixa. Se não for tratada corretamente, além do desconforto, causa danos e cicatrizes nos tecidos genitais.

Causas do líquen escleroso

Ainda que os sintomas sejam semelhantes aos da candidíase, o líquen genital pode se manifestar por meio de manchas, mudanças na textura e na cor da pele. Para evitar crises frequentes, é importante dar atenção à sua qualidade de vida.

O estresse, por exemplo, está diretamente associado à recorrência do líquen. Então, ao primeiro sinal de que a doença esteja voltando, procure seu ginecologista para fazer o tratamento. Como o líquen pode se manifestar em ciclos com intensidade diferente, não pense que ele “desapareceu” sozinho nem espere a situação se agravar.

Laser vulvar é aliado no tratamento do líquen escleroso

Ainda que possa afetar qualquer superfície da pele, é na vulva que a infecção prefere se instalar (com lesões também na região anal). Pode se manifestar em qualquer idade, sendo mais comum antes da puberdade ou após a menopausa, já que baixos níveis de hormônios ajudam a deflagrar a doença.

Além do exame clínico, a biópsia permite diferenciar o líquen escleroso de outras lesões como as causadas pelo HPV, por exemplo, ou mesmo confirmar que não se trata de candidíase ou outro tipo de infecção bacteriana ou dermatose. O tratamento, geralmente, inclui pomadas de corticoide de alta potência e laser vulvar.

Eu já disse e repito: nem toda coceira é candidíase. Conheça o seu corpo, fique atenta aos sinais e desconfie quando um tratamento não se mostrar eficiente.

Não passe anos sofrendo ou em dúvida. Não ache que “é normal”, que “é coisa de mulher”. Procure um especialista. Se necessário, busque uma segunda opinião médica.

Por: Dra Natacha Machado 

Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005

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