A saúde não é um mero acaso. As escolhas do dia a dia têm interferência direta na qualidade de vida.
Hábitos, alimentação, estresse, qualidade do sono, atividade física e até a forma como enxergamos o futuro e nos relacionamos com outras pessoas são determinantes para a nossa saúde.
Por isso, pare de colocar a culpa no azar, no alinhamento dos planetas, nos antepassados, na genética ou, seja lá no que for… a saúde está em suas mãos – com um pouco de ajuda de médicos e da indústria farmacêutica, é verdade, mas a protagonista é você.
A ciência já comprovou que adotar um estilo de vida saudável reduz em até 80% a incidência de doenças crônicas.
Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 30% dos problemas da população nos países ocidentais estão relacionados ao sedentarismo e ao excesso de peso – considerados o segundo maior fator de risco para o desenvolvimento de câncer, perdendo apenas para o tabagismo.
Na prática, segundo cálculos de especialistas ligados à entidade internacional, 40% a 50% da nossa saúde não dependem de serviços médicos ou de medicamentos, mas de condições socioeconômicas e do estilo de vida.
Ou seja, você tem boa parcela de responsabilidade sobre seus diagnósticos – e vai esperar até quando para assumir o controle desse barco?
Seu estilo de vida compromete a sua saúde
Com uma abordagem cada vez mais voltada à promoção da saúde – e menos focada simplesmente no tratamento dos sintomas -, a medicina já descobriu que a raiz de muitos problemas está no estilo de vida que adotamos ao longo dos anos.
Entre os exemplos estão a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), a endometriose e a adenomiose. E é sobre isso que quero conversar com vocês neste e nos próximos posts.
Durante muito tempo, útero e ovários levaram a culpa sozinhos, mas essas doenças têm causas e origens mais complexas. A questão aqui é sistêmica, endócrina e hormonal, está relacionada ao estilo de vida das mulheres e o tratamento exige comprometimento e mudança de hábitos.
Por mais que a ciência avance, lembre-se: nosso corpo é uma engrenagem única que precisa ser bem cuidada. Pode até ter manutenção, mas não tem troca.
Síndrome dos Ovários Policísticos – Velha conhecida das mulheres
Se você nunca foi diagnosticada com ela, é bem provável que conheça alguém que foi. A Síndrome dos Ovários Policísticos, ou SOP para os íntimos, é velha conhecida das mulheres em idade reprodutiva.
Embora afete o funcionamento normal dos ovários, o distúrbio é hormonal e mesmo que sua causa específica ainda não seja uma certeza médica, o que sabemos é que o estilo de vida inadequado tem influência direta sobre o problema.
O transtorno endócrino é comum entre as mulheres em idade fértil e, segundo o especialista no assunto, o médico e mestre em ginecologia Sérgio Cabral – Dr SOP, pode acometer até 22,5% das mulheres entre 15 e 49 anos em todo o mundo.
Sintomas da Síndrome dos Ovários Policísticos
No caso da Síndrome dos Ovários Policísticos, os ovários “falham” na missão de liberar os óvulos corretamente.
Um dos sintomas é o ciclo menstrual irregular, com alterações tanto na frequência quanto no fluxo sanguíneo. A mulher pode ficar meses sem menstruar e, quando menstrua, tem um fluxo de grande intensidade.
Outros sinais da doença são:
- Hirsutismo (aumento de pelos no rosto e outras partes do corpo)
- Acne
- Oleosidade da pele
- Queda de cabelo
- Dificuldade para engravidar
E tem mais! Obesidade e resistência insulínica são fatores importantes nas causas da SOP, que podem levar a infertilidade, diabetes, síndromes metabólicas e câncer de endométrio.
Tratamento vai muito além do anticoncepcional
Se a SOP é uma disfunção sistêmica associada a níveis hormonais anormais no organismo, à obesidade e à resistência insulínica, usar anticoncepcional pode ajudar nos sintomas, mas não trata a causa.
É por isso que a medicina vem olhando de forma diferente para a síndrome e propondo uma nova abordagem no tratamento.
Então, que tal trocar a velha cartela de pílulas anticoncepcionais por novos hábitos de vida?
O primeiro passo é buscar o diagnóstico correto, feito com base em exame clínico que pode ser complementado por exames laboratoriais e ultrassom.
Se confirmada a SOP, o tratamento não deve ser exclusivamente direcionado aos ovários e sim à condição hormonal ou metabólica.
É então que médico e paciente decidem os melhores caminhos, promovendo saúde e não apenas tratando a doença.
Além da medicação – que pode ou não incluir o uso de hormônios – prescrita para aliviar os sintomas da SOP, o tratamento exige:
- Alimentação saudável, com menos carboidratos.
- Controle dos níveis de insulina no sangue.
- Atividades físicas – faça pelo menos 30 minutos de exercícios por dia.
- Manutenção do peso – estudos revelam que redução de 5% do peso corporal já contribui para melhoras na Síndrome dos Ovários Policísticos.
Um novo remédio… e é de graça!
A informação e a mudança no estilo de vida são os grandes remédios do século, mas não podem ser encontradas em prateleiras de farmácias e ingeridas três vezes ao dia.
Seu futuro depende muito mais de você e do seu comprometimento do que de uma receita médica.
Eu posso orientar e mostrar o caminho, mas você faz a sua escolha.
A boa notícia é que a caminhada não precisa ser solitária. Eu estou aqui para acompanhá-la.
Por: Dra Natacha Machado
Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005