Não é raro receber no consultório pacientes que fazem a terapia de reposição hormonal (TRH) com estrogênio e testosterona (o que didaticamente está correto), mas ainda apresentam queixas relacionadas ao climatério ou à menopausa.
Como em tudo na vida, a TRH requer equilíbrio. Sem a associação correta dos hormônios a serem repostos fica mais difícil manejar os sintomas. As terapias de reposição hormonal básicas devem prever o uso de estrogênio e progesterona. A testosterona entra como a cereja do bolo, o tempero, o toque final.
Tudo, é claro, com acompanhamento médico e em doses individualizadas, de acordo com o histórico clínico e as necessidades de cada mulher.
Já falamos disso outras vezes, mas gosto de reforçar: o tratamento da amiga, da vizinha ou da prima não serve para você. A TRH deve ser exclusiva, com reavaliações periódicas. Você é única e merece um olhar diferenciado sobre a sua saúde.
Para que serve cada hormônio?
Estrogênio
O estrogênio ajuda a prevenir a osteoporose e facilita as funções cognitivas, com efeitos em regiões do cérebro como o hipocampo – parte que atua na motivação e na memória.
Também é responsável pela lubrificação da vagina, hidratação da pele, produção de colágeno, proteção dos vasos sanguíneos, saúde do sistema cardiovascular, distribuição de gordura corporal e melhoria do estado de humor.
Sem a reposição de estrogênio, você vai perceber sintomas como fadiga, insônia, ansiedade, dores de cabeça, fogacho e suor noturno, ressecamento vaginal, dificuldades de atenção, problemas de memória, irritabilidade e redução da libido.
Progesterona
A progesterona baixa pode causar alterações de humor, ondas de calor, baixa libido, dores de cabeça, cólica e favorecer doenças como adenomiose, endometriose, cisto ovariano, ansiedade e depressão.
Como a falta de progesterona causa a dominância do hormônio estrogênio, esse desequilíbrio é responsável também pelo ganho de peso, mastalgia (sensibilidade nos seios) e sintomas de TPM.
É por isso que associar estrogênio + progesterona em doses ajustadas às necessidades de cada mulher se torna o ponto de partida para o tratamento do climatério e da menopausa.
Além disso, a progesterona é responsável pela proteção do endométrio, qualidade do sono (já que atua em sinergia com a melatonina), estabilidade do humor e capacidade de reagir positivamente a diversas situações.
Bons motivos para ser considerada na TRH, junto com o estrogênio.
Testosterona
No climatério e na menopausa, as queixas sobre a diminuição na libido são comuns. É claro que a culpa nem sempre é apenas dos hormônios, já que a sexualidade envolve outros fatores, como educação sexual, relacionamento, uso de medicamentos, estresse, ansiedade e doenças como depressão etc.
Ainda assim, a reposição de testosterona em doses fisiológicas tem indicações no climatério e na menopausa. Além de restabelecer o desejo sexual, ela melhora a disposição e o bem-estar.
Mais tempo de qualidade
Com a expectativa de vida em alta, vivemos muito tempo na menopausa. E não há motivos para sofrer com os sintomas dessa fase se existe tratamento eficaz e seguro.
Cerca de 80% das mulheres terão reflexos severos na qualidade de vida, no bem-estar e na rotina se não buscarem ajuda para lidar com os efeitos que o declínio hormonal é capaz de causar na saúde física e emocional.
Um futuro de qualidade é possível. A menopausa – que ocorre em média entre os 45 e 55 anos – é só mais uma etapa. Há muito chão pela frente, muitos sonhos a realizar, muito por se fazer. Depende da decisão que você vai tomar em prol dos anos que ainda tem para viver.
Agora que você entendeu a função do estrogênio, da progesterona e da testosterona na terapia de reposição hormonal, marque uma consulta. Vamos avaliar o seu caso individualmente. Traga suas queixas e dúvidas. Estou à disposição para que os próximos anos da sua vida sejam muito melhores.
Por: Dra Natacha Machado
Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005