O climatério chegou e, com ele, uma vontade incontrolável de comer doces? Você não está sozinha.
A queda na produção hormonal leva a variações na geração de neurotransmissores e, em alguns casos, “força” o organismo a buscar compensações. Para quem já era chegada em doces e carboidratos, o caminho para a compulsão está aberto.
Mas, afinal, qual é o problema de um docinho no café da manhã, após o almoço, no lanche da tarde ou como sobremesa na ceia? Muitos!
Ser compulsiva por doces contribui para o ganho de peso – o que já ocorre com a maioria das mulheres na menopausa e se agrava com a alimentação desregrada, aumento da gordura abdominal, organismo inflamado e autoestima afetada.
Então, o açúcar em excesso pode satisfazer um desejo instantâneo, mas deixar sequelas. Qual a sua escolha?
Açúcar, um vilão disfarçado de mocinho
O açúcar ativa sistemas de “recompensa” no cérebro ligados à dopamina, um neurotransmissor que provoca a sensação de prazer e bem-estar. Para manter essa sensação, precisamos de mais doce e, assim, geramos uma dependência. É assim que o círculo vicioso começa.
No climatério, muitas mulheres recorrem aos doces para lidar com o estresse e a depressão, mas esquecem de tratar a causa. Além disso, com a queda nos níveis de estrogênio e progesterona, o organismo se torna mais resistente à insulina e precisa trabalhar para controlar o açúcar no sangue.
É assim que muitas de nós vemos os níveis de insulina aumentarem nesse período. É assim também que nos tornamos vulneráveis ao diabetes, problemas cardiovasculares e outras doenças.
Observe se seu desejo por doces vem aumentando e busque alternativas.
Como romper o ciclo vicioso
Se você abusa do açúcar e outros carboidratos, avalie sua rotina e seus hábitos. Alguns fatores podem colaborar para o consumo excessivo de doces. Confira:
- Doces disponíveis em casa, a qualquer hora do dia. Restrinja suas compras a alimentos saudáveis e naturais.
- Convivência com pessoas que consomem muito açúcar e não se preocupam com os hábitos alimentares, estão acima do peso e comem exageradamente. Evite influências negativas.
- Usar a alimentação para compensar frustrações, decepções e tristezas. Não recorra aos doces para “afogar as mágoas”.
- Comer rápido demais, sem tempo para apreciar os alimentos e sem fazer escolhas nutritivas. Um cardápio pobre em vitaminas aumenta a vontade de comer doces e carboidratos.
- Usar os doces como forma de obter sensações prazerosas e energia de modo rápido na tentativa de aliviar o cansaço e a fadiga.
Lembre-se:
- O efeito do açúcar no cérebro é semelhante ao de drogas e, por isso, vicia.
- Nosso organismo atua no modo sobrevivência. Quanto mais açúcar você come, mais engorda e o cérebro entende isso como uma forma de reservar energia, aumentando a sua vontade por mais doces.
Aumente a dopamina sem ficar refém do açúcar
Todas nós queremos prazer e bem-estar. Essa sensação pode ser acentuada pela dopamina. Quando essa substância falta, procuramos formas – algumas vezes erradas – de ativá-la.
Os erros mais comuns estão no consumo exagerado de açúcar e outros abusos, como a ingestão excessiva de álcool, cafeína, compras e outros comportamentos compulsivos. Tudo como forma de compensar as frustrações.
A boa notícia é que existem maneiras saudáveis de aumentar a dopamina deixando de lado as tortas, biscoitos, bolos, chocolates, balas e outras guloseimas. Anote aí:
- Alimentação rica no aminoácido tirosina, formador da dopamina, como amêndoa, maçã, abacate, banana, peixe, aves, carne, beterraba, aveia, vegetais verdes folhosos, feijão fava, sementes de abóbora e gergelim, kefir, iogurte, melancia e amendoim.
- Exercícios físicos, que além de aumentar os níveis de dopamina, elevam a serotonina, outro neurotransmissor responsável pelo bem-estar, e a noradrenalina, que age na regulação do humor, saúde mental e felicidade.
- Controle do estresse por meio da meditação, que aumenta as taxas de dopamina, melhora o foco, a concentração, a criatividade e leva ao relaxamento.
- Uso de suplementos a base de cúrcuma, ginkgo biloba, l-tirosina (precursora da dopamina), L-fenilanina (aminoácido precursor da tirosina) e L-teanina (encontrado no chá verde).
- Exercitar a criatividade e aprender atividades que levem o cérebro a um estado de relaxamento, como pintura, bordado, música, dança, desenho, fotografia, teatro etc.
- Exposição ao sol, fundamental para a obtenção da vitamina D e para estimular os níveis de dopamina no organismo.
- Manejo do estresse, sono de qualidade e descanso.
- Identificação de novas fontes de prazer, que não sejam a comida. Isso inclui o cinema com as amigas, uma caminhada no parque, uma ida ao salão de beleza ou um passeio com o cachorro.
Tente essas estratégias e se precisar de ajuda, lembre-se que eu estou sempre aqui.
Por: Dra Natacha Machado
Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005