Encarar o climatério nem sempre é fácil. Na verdade, quase nunca é, mas enxergar essa fase de forma positiva e proativa ajuda muito. A queda na produção de hormônios não passa despercebida para a maioria das mulheres que chegam aos 40 anos, em média.
Entre as queixas mais comuns ocasionadas pela redução dos níveis de estrogênio – uma característica desse período – está o ressecamento vaginal. Muitas mulheres percebem as mudanças na região íntima, mas raramente associam o ressecamento de outras partes do corpo ao mesmo motivo.
Só que, a exemplo da vagina, outras partes do corpo se ressentem, como pele, unhas e cabelos. O olho seco nas mulheres por volta dos 50 anos é um sintoma associado à queda nos níveis hormonais, o que prejudica a composição das lágrimas e os tecidos oculares.
Você sabia disso?
Sim, secam a pele, a unha, o cabelo… e os olhos também. Além do ressecamento ocular, outros sintomas incluem sensibilidade à luz, visão turva, queimação e sensação de areia ou de um corpo estranho nos olhos.
A boa notícia é que não há necessidade de conviver com esses sintomas desagradáveis. Com orientação de especialistas em menopausa e oftalmologistas é possível aumentar a lubrificação dos olhos com o uso de colírio específico, diminuir o lacrimejamento e reduzir a inflamação das pálpebras.
Mas além disso, mulher, tem outra coisa….
O olho seco não é o único problema ocular que pode ocorrer em mulheres no climatério. Outra condição é a catarata, potencializada pela redução da circulação do estrógeno, o que favorece o surgimento de lesões nas camadas do cristalino.
As alterações hormonais também podem provocar o aumento da pressão intraocular e, em pessoas predispostas, acelerar o desenvolvimento do glaucoma – doença progressiva que pode levar à cegueira. Outro distúrbio – esse sim, um velho conhecido – é a presbiopia, a famosa vista cansada.
Investir em tratamentos hormonais pode ajudar?
A reposição hormonal é uma forma de evitar e tratar as complicações oculares, mas é preciso que seja acompanhada por um especialista. Só o seu ginecologista pode avaliar a necessidade e a possibilidade da reposição hormonal. Não dê bobeira, não siga as “receitas” caseiras da mãe, da tia, da amiga ou da vizinha, nem se medique por conta própria.
Pequenos cuidados, grandes benefícios
O climatério até pode trazer perrengues, mas os cuidados nessa fase garantem a qualidade de vida desejada. No caso do ressecamento ocular, algumas dicas são valiosas:
• Evite vento, ar seco e poluentes, pois eles aumentam a secura dos olhos. Se estiver em um local com muito vento, use óculos como forma de proteção.
• Use umidificador de ambiente e mantenha o filtro do ar-condicionado limpo.
• Sob indicação do especialista, use um colírio específico para manter o olho lubrificado.
• Alimentação saudável e natural, você já sabe, é outra dica recorrente por aqui. Aliás, ômega-3 e ácidos graxos são bons para os olhos. Tente ingerir pelo menos duas porções de peixe por semana, preferencialmente salmão, atum ou cavala.
Na busca por qualidade de vida durante o climatério, cuidar de si não é exagero. Por isso, além das consultas periódicas com o ginecologista, inclua na rotina uma visita ao oftalmologista.
E não se esqueça: se estiver sentindo coceira, visão turva e outros desconfortos nos olhos, não vá na onda de parentes e amigos habituados a indicar tratamentos caseiros. A intenção pode ser boa, mas o resultado, desastroso. Os olhos são extremamente sensíveis e merecem um cuidado especial.
Se sentir qualquer problema, procure quem entende do assunto!
Por: Dra Natacha Machado
Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005
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