Dez mitos e verdades sobre a reposição hormonal

Vivemos na era da informação, mas, mesmo assim, muitas mulheres ainda têm dúvidas sobre a reposição hormonal: será que ela é mesmo necessária, quando é a hora certa para começar o tratamento, quais os riscos para a saúde da mulher?

Essas e outras dúvidas são responsáveis pela demora no início do tratamento. O resultado é um sofrimento prolongado e desnecessário.
A terapia de reposição hormonal (TRH) ou tratamento hormonal (TH) é a primeira conduta quando os sinais do climatério aparecem.

O tratamento nada mais é do que a administração de hormônios femininos durante o climatério e a menopausa, em doses fisiológicas.

É graças à reposição hormonal que milhares de mulheres recuperam a qualidade de vida e conseguem controlar e reduzir os efeitos indesejados dessa fase. A indicação do tipo de hormônio a ser usado, da quantidade ideal e do tempo de duração de tratamento devem ser definidos em conjunto entre médico e paciente.

A abordagem precisa ser personalizada, já que cada organismo feminino reage de uma forma diferente à queda na produção dos hormônios. Os sintomas e as intensidades variam muito de mulher para mulher.

Se você ainda tem dúvidas sobre a reposição hormonal, confira alguns mitos e verdades sobre o tema. Depois, escolha um médico especializado no assunto e não deixe que os sintomas do climatério atrapalhem sua qualidade de vida e prejudiquem a sua saúde.

Mitos e verdades sobre a reposição hormonal: o que você precisa saber

1. Posso fazer a mesma reposição hormonal que a minha mãe, tias ou amigas

Mito. A reposição hormonal não é igual para todas as mulheres porque os sintomas do climatério também não são os mesmos.

O tratamento deve ser individualizado. Além disso, a medicina avança rapidamente e, hoje, existem opções mais modernas do que há algumas décadas.

As dosagens e vias de administração variam de acordo com os sintomas e com o histórico de saúde de cada paciente. A recomendação é procurar um especialista, fazer todos os exames solicitados e, em conjunto com o médico, definir o melhor tratamento.

2. Hormônio é tudo igual. Tanto faz qual vou usar nas terapias de reposição.

Mito. Existem os hormônios sintéticos e os hormônios bioidênticos. Os sintéticos são os fármacos alterados quimicamente, em laboratório, que imitam os hormônios produzidos pelo organismo. São encontrados em doses padrão nas farmácias, tem ação mais rápida em nosso corpo, mas podem apresentar mais efeitos colaterais.

Já os bioidênticos são aqueles com uma composição química igual ou muito semelhante a de hormônios humanos. Geralmente são produzidos em farmácias de manipulação, feitos exatamente conforme a necessidade da paciente e seguindo a dosagem determinada pelo médico.

Por ter ação mais natural e menor risco de efeitos colaterais, o hormônio bioidêntico é o mais indicado. Além disso, as mulheres podem repor diferentes tipos de hormônios, com doses variadas para o estrogênio, a progesterona e até mesmo a testosterona.

3. Reposição hormonal causa câncer.

Mito. Os primeiros relatos de reposição hormonal surgiram na década de 1940, sendo realizada, à época, apenas com estrogênio. Anos depois foram identificados alguns efeitos colaterais e um aumento nos casos de câncer do endométrio.

Com o avanço dos estudos, entendeu-se a necessidade de associação do estrogênio com a progesterona e, dependendo da situação, inclui a testosterona. Desta forma, o tratamento passou a ser bastante seguro.

Ou seja, não é a reposição hormonal que causa câncer. O câncer já incide com mais frequência em mulheres após os 50 anos, coincidindo com o período da reposição hormonal.

As mulheres que fazem a reposição e, portanto, são bem assistidas por médicos têm, inclusive, maiores chances de descobrir um câncer precocemente, melhorando a possibilidade de cura.

Ou seja, é essencial fazer acompanhamento periódico e exames de rotina. Já as mulheres com pré-disposição ou histórico familiar de câncer precisam conversar com o médico sobre as opões de tratamento.

4. Hábitos de vida saudáveis são fundamentais durante o climatério.

Verdade. Uma alimentação equilibrada – com peixes e frutos do mar, chia, linhaça, fibras, frutas e vegetais, gorduras boas, fontes de cálcio e líquido – é uma grande aliada das mulheres que desejam envelhecer com saúde.

Além de aderir a uma dieta natural, com comida “de verdade”, sem ultraprocessados, sem açúcar ou álcool é fundamental que a mulher cuide da saúde mental e faça atividade física diariamente.

Para reduzir o estresse, a dica é optar por técnicas de meditação e ioga. Na academia, acrescente exercícios de força (musculação) aos treinos, para garantir a musculatura necessária à mobilidade no futuro.

Dormir bem é outra estratégia de cuidado com a saúde. Faça a higiene do sono antes de se deitar, evite o uso de telas à noite (tv e celular), tome um banho morno, reduza a iluminação da casa duas horas antes de dormir, ouça música relaxante e mantenha uma rotina com horários para se deitar e se levantar.

5. Devo começar a reposição hormonal logo que os primeiros sintomas aparecem.

Verdade. Os sintomas do climatério interferem na qualidade de vida e favorecem o aparecimento de doenças. Por isso, o indicado é iniciar o tratamento logo que se percebem as primeiras alterações físicas e emocionais.

Os sintomas começam cerca de 8 anos antes da confirmação da menopausa, então, é muito tempo para sofrer. A reposição hormonal é indicada assim que a mulher percebe os sinais iniciais do climatério.

Quanto antes melhor! O limite para o início do tratamento é 60 anos de idade ou dez anos após a confirmação da menopausa. Depois, os riscos de fazer uso de hormônios são maiores do que os benefícios e, portanto, o tratamento vai exigir uma avaliação mais criteriosa do especialista.

6. Se eu abrir mão da reposição hormonal, posso desenvolver doenças crônicas.

Verdade. Quando feita com acompanhamento médico, a reposição hormonal auxilia na prevenção de doenças cardiovasculares, osteoporose, perdas cognitivas, câncer e outros problemas que se acentuam com o envelhecimento.

A reposição hormonal ajuda a controlar os níveis de colesterol e diabetes, ansiedade, depressão etc. Abrir mão do tratamento por falta de informação ou por medo é um erro. Converse com seu médico, esclareça suas dúvidas, definam juntos qual a abordagem mais indicada no seu caso e garanta um futuro saudável.

7. Posso parar a reposição hormonal assim que a menopausa for confirmada.

Mito. Não há prazo para encerrar o tratamento hormonal. Isso vai depender muito de cada mulher. Quem inicia a reposição logo nos primeiros anos do climatério pode fazer uso de hormônios por muito tempo, se beneficiando do controle dos sintomas.

Isso, claro, sempre com reavaliações médicas e ajustes na dosagem. Se a mulher estiver bem de saúde, sem problemas ou doenças que possam, eventualmente, ser agravadas pela reposição hormonal, o tratamento não precisa ser interrompido. Ou seja, a reposição tem prazo para começar, mas não para acabar.

8. A reposição hormonal tem efeitos benéficos para a pele.

Verdade. A pele sofre por causa das alterações hormonais. A falta de estrogênio acelera o envelhecimento da pele e causa flacidez, ressecamento, afinamento, manchas e acne. Coceira e alergias são outros sintomas relatados por mulheres nessa fase.

A reposição hormonal ajuda na produção de colágeno na recuperação da viscosidade, elasticidade, hidratação e aparência. Cabelos e unhas também são beneficiados.

9. O ganho de peso na menopausa é culpa da reposição hormonal.

Mito. No climatério, as mulheres têm mais dificuldade para emagrecer, mas a culpa não é da reposição hormonal. Pelo contrário! O tratamento ajuda a equilibrar os hormônios, melhorando a energia e a disposição.

Com isso, fica mais fácil se exercitar, queimar a gordura abdominal e aumentar a massa magra.

10. O uso de hormônios melhora a libido da mulher.

Verdade. Com a chegada do climatério, muitas mulheres percebem uma perda acentuada na libido. O problema é agravado pelo ressecamento vaginal, que pode levar à dor durante a relação sexual.

O tratamento hormonal restaura o equilíbrio geral do organismo, melhora aspectos emocionais e aumenta a sensação de bem-estar, além de reduzir o ressecamento vaginal e tornar o sexo mais prazeroso.

Quem faz uso de hormônios e cuida da qualidade de seu relacionamento afetivo (mantendo o romantismo, a parceria, a admiração e o respeito – fatores essenciais para manter a paixão e o desejo) tem todas as condições de melhorar a satisfação sexual.

Se você tem outras dúvidas, vamos conversar a respeito.

Por: Dra Natacha Machado 

Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005

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