Como encarar a pandemia em plena menopausa… e vice-versa.

Saúde é muito mais do que prevenir e tratar doenças. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o bem-estar completo passa pelo equilíbrio físico, mental, emocional e social.

Já falamos várias vezes sobre saúde íntima e a importância de manter em dia as consultas e exames de rotina. Agora, quero saber como anda seu estado mental e emocional.

O climatério e a menopausa já têm, por si só, uma lista “suficiente” de sintomas capazes de alterar a saúde mental de qualquer mulher. Imagine quando, além disso, é preciso encarar uma pandemia, que potencializa as sensações de medo, angústia, estresse e sofrimento.

Os sentimentos se misturam e viram uma bola de neve. Com o tempo, não sabemos mais diferenciar quais são os sintomas emocionais decorrentes da falência hormonal típica do climatério e da menopausa e quais são os gatilhos inerentes à nova realidade imposta pelo coronavírus.

Como saber se a angústia, insônia, ansiedade, estresse, depressão e variações de humor têm a ver com a menopausa ou com o que todas nós estamos sentindo neste momento de pandemia?

Como impedir que esses sentimentos se sobreponham e se agravem?

Como identificar sua origem e tratá-los corretamente?

Menopausa e pandemia.. tudo junto e misturado

No climatério, fase que antecede a menopausa, os níveis hormonais começam a ficar bagunçados. A progesterona dá sinais de baixa e o estrogênio – conhecido como hormônio da felicidade – oscila.

Na menopausa, eles se esgotam. Junto com a serotonina, o bom humor também se vai. Nesta fase, mais de 60% das mulheres têm queixas de alteração no estado psicológico, com reflexos inclusive nas relações com seus parceiros e familiares.

Com tantas mudanças no organismo, o tratamento é fundamental para melhorar a qualidade de vida e evitar quadros depressivos e transtornos de ansiedade. A alternativa mais efetiva é a terapia de reposição hormonal.

O problema é que desde 2020 as mulheres tiveram que somar a essa guerra hormonal outra batalha, agora contra um vírus. O estresse causado pela preocupação com a Covid-19 não poupou ninguém.

O coronavírus demonstrou seu potencial também na hora de debilitar a saúde mental dos brasileiros. Todos sentiram seus impactos, mas as mulheres foram as mais afetadas emocionalmente.

Uma pesquisa realizada em 26 Estados brasileiros e no Distrito Federal entre os meses de maio e junho de 2020 mostrou que 40,5% das mulheres apresentaram sintomas de depressão, 34,9% de ansiedade e 37,3% de estresse.

O estudo envolveu três mil voluntários e foi conduzido pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Dicas para controlar a ansiedade e o estresse

A saúde emocional é tão importante quanto a física ou sexual. Somos seres únicos e, como uma orquestra, tudo deve estar afinado.
Para cuidar do equilíbrio mental, é importante controlar o estresse e a ansiedade. Pequenas doses diárias de felicidade são um excelente antídoto. Organização, ar puro, meditação, música e lazer também.

Confira algumas dicas:

1. Estabeleça uma rotina
Ao contrário do que muita gente pensa, ter rotina não é chato, monótono ou entediante. A rotina ajuda a reduzir a ansiedade porque passa ao cérebro a mensagem de segurança. Estabeleça horários para dormir, acordar, fazer suas refeições, atividades físicas e outras atividades durante o dia.

2. Reduza a bagunça
Para acabar com a bagunça interior é preciso colocar ordem no ambiente. Organizar a casa, o escritório, armários e gavetas ajuda na sensação de que tudo está no devido lugar, inclusive a nossa vida. Acredite: acumular coisas sem utilidade atrapalha o bem-estar e aumenta a ansiedade. É difícil trabalhar ou estudar em um espaço desorganizado.

3. Separe o ambiente profissional e pessoal
A pandemia levou muita gente ao trabalho remoto, em sistema home office. O difícil é separar a jornada profissional da vida de mãe, mulher e dona de casa. Defina um local específico para as atividades profissionais e horários para cumprir cada função.

4. Dê adeus ao velho
Não acumule objetos velhos, quebrados e obsoletos. Doe as roupas que não usa mais. Guardar aquilo que não tem serventia nos faz enxergar a vida pelo lado negativo. Abra espaço para o novo. Mude, renove, troque as almofadas, reposicione os móveis, pinte as paredes. Reinvente-se.
5. Seja solar
Abra bem as janelas, aproveite a iluminação natural, deixe a luz do sol entrar. Passeie no jardim, brinque no quintal com as crianças, lembre-se que a vitamina D é essencial para a saúde. Não precisa ir à praia para isso. Certamente os raios solares chegam na sua casa ou na sacada do seu apartamento.

6. Concilie trabalho e lazer
Trabalho em excesso não reduz a ansiedade. Pode até manter as contas em dia, mas é preciso encontrar o equilíbrio. Recarregue a energia, estabeleça horários para ler, assistir filme, maratonar uma série, descansar na rede, pintar, bordar… Aprenda a tocar um instrumento. Ouvir música aumenta em 9% a produção de dopamina, relacionada ao prazer. Dedique tempos às suas recompensas pessoais.

7. Reduza o estresse
Se você é uma pessoa ansiosa e estressada, busque formas de descompressão. Pratique atividade física, faça yoga, massagem, acupuntura, meditação ou pilates. Aprenda a controlar sua respiração, seus pensamentos, seu corpo e sua mente.

8. Durma bem
O sono tem papel vital para o equilíbrio emocional. Noites mal dormidas elevam as taxas de ansiedade. Um adulto precisa, em média, de sete a nove horas de sono por noite. Fazer a higiene do sono antes de se deitar é importante. Uma das dicas é deixar o celular longe do quarto.

9. Trabalhe sua mente e seja positiva
Remoer os problemas e imaginar possibilidades sobre algo que não ainda não aconteceu é uma característica de quem sofre de transtorno de ansiedade. Use estratégias de fuga para se distrair. Pense em algo que gosta de fazer e envolva-se em atividades que levem seus pensamentos a outros lugares.

10. Pratique a gentileza
Se está difícil para você, deve estar difícil para mais gente. Nos conceitos da Psicologia Positiva, ser gentil é essencial para o bem-estar pessoal. Quem demonstra empatia e pratica solidariedade, experimenta o efeito bumerangue e se beneficia. O afeto que você dá aos outros, volta para você. Acredite.

Você não está sozinha

A pandemia transformou o mundo. É natural que, eventualmente, tenhamos angústia, tristeza, ansiedade, insônia e variações de humor. Se isso for algo esporádico e puder ser resolvido com as dicas que te dei, que bom. Se não, procure ajuda especializada. Não sofra em silêncio.

Esses sintomas não devem ser negligenciados, sejam eles causados pela menopausa ou pelo momento que estamos vivendo. Basta investigar a causa e definir o melhor tratamento. Eu estou aqui para todas as orientações que você precisar.

Por: Dra Natacha Machado 

Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005

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