Constipação na menopausa: oscilações hormonais afetam o intestino

O climatério traz inúmeras mudanças para a saúde e o bem-estar da mulher. As oscilações hormonais interferem em quase tudo. O corpo todo sente, inclusive o intestino. Isso mesmo! Você pode nem imaginar, mas a saúde intestinal também é afetada nessa fase.

Uma das principais queixas é a constipação, mas outros problemas surgem eventualmente, como a disbiose intestinal e a síndrome do intestino irritável.

Por que isso acontece? Por conta da redução nos níveis hormonais. Os hormônios femininos atuam de diversas maneiras no organismo e, em determinados períodos, eles oscilam. É assim na adolescência, a cada fase do ciclo menstrual, durante a gravidez e no pós-parto. Não seria diferente no climatério.

Cerca de 30% da população sofre habitualmente com a prisão de ventre. No caso das mulheres, o problema é mais frequente. No climatério, uma das causas para as disfunções intestinais é a redução do estrogênio, o hormônio que, entre outras funções, deve manter o nível de cortisol baixo.

Quando o nível de estrogênio no organismo entra em declínio, o cortisol sobe, retardando o processo digestivo e dificultando a evacuação. E não é só isso. Quando a progesterona reduz, a movimentação intestinal também reduz, o que dificulta a evacuação.

A baixa produção de estrogênio e progesterona – comum em quem se aproxima da menopausa – leva ainda ao enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico, dificultando a saída das fezes.

Prisão de ventre não é o único problema

Embora seja a queixa mais comum, a prisão de ventre não é o único problema das mulheres no climatério. Algumas delas sofrem com disbiose, um desequilíbrio na microbiota intestinal que causa inflamação e reduz a capacidade do intestino de absorver os nutrientes.

Os sintomas da disbiose são, principalmente, náuseas, gases, azia, vômito, distensão abdominal, diarreia ou prisão de ventre, dor de cabeça, cansaço e irritação. Se não for tratada, pode se agravar, favorecendo o desenvolvimento de doença celíaca, intolerância à lactose ou síndrome do intestino irritável.

Câncer colorretal

Outro bom motivo para ficar de olho nas mudanças intestinais que aparecem com a idade é a incidência do câncer colorretal (intestino). De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de intestino é o terceiro mais incidente na população.

O Brasil deve registrar 44 mil novos casos da doença por ano no próximo triênio, entre 2023 e 2025, com 70% dos casos concentrados nas regiões Sul e Sudeste. Entre os novos casos, mais da metade devem ser diagnosticados em mulheres.

A boa notícia é que, se detectado precocemente, o câncer colorretal é tratável e, na maioria dos casos, curável. Por isso, as mulheres no climatério devem incluir em seu checkup de rotina exames como a colonoscopia.

Cuide bem do seu intestino

Além de exames de rotina, orientação e acompanhamento médicos, as mudanças de hábito são fundamentais para reduzir os problemas intestinais. Anote aí algumas dicas:

  • Mantenha uma dieta rica em fibras.
  • Beba bastante água.
  • Evite açúcar, gordura e farinhas refinadas.
  • Faça uso de probióticos (micro-organismos vivos encontrados em alimentos como o iogurte e o kefir ou na forma de suplementos).
  • Pratique atividade física regularmente (caminhada, corrida, ciclismo, dança e natação, por exemplo, estimulam o intestino).
  • Faça exercícios para fortalecer o assoalho pélvico, como pilates.
  • Vá ao banheiro sempre que sentir vontade.
  • Reduza o consumo de alimentos processados e industrializados. Prefira “comida de verdade”. Lembre-se da velha máxima de descascar mais e desembalar menos.

Reposição hormonal pode ajudar?

Sem dúvidas, a reposição hormonal vai ajudar a manter a saúde intestinal em dia. Serve também como um fator protetor contra o câncer de intestino se for aliada a hábitos de vida saudáveis.

Os sintomas do climatério não precisam atrapalhar sua rotina. Comece o tratamento logo que os primeiros sinais surgirem.

Leia também: Avanços nos métodos de reposição hormonal para tratamento da menopausa.

Por: Dra Natacha Machado 

Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005

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