Fases da menopausa: cada etapa uma nova vivência

A vida é feita de ciclos, fases tão intensas que até a banda de rock Raimundos transformou o assunto em um clássico do rock nacional e fez o país cantar os dilemas e as dificuldades de viver e conviver com quem enfrenta oscilações hormonais.

Quem não lembra, afinal, da canção “Mulher de Fases” e do trecho que diz: “Meu filho, aguenta! Quem mandou você gostar dessa mulher de fases?”

Pois é. As mudanças hormonais ao longo da vida são tantas que ganharam até subdivisões para ajudar na classificação de sintomas e no entendimento de cada fase. A menopausa é um exemplo, com seu antes e depois.

Já vamos falarmos sobre todas essas etapas, mas, primeiro, um parêntese: que nos deem licença os rapazes da banda Raimundos, mas “aguentar” não é bem o termo. Já sabemos que tudo o que atrapalha a nossa rotina têm tratamento. Sofrer no climatério não é opção por aqui!

Construção de uma nova mulher

A transição da fase reprodutiva até a pós-menopausa é marcada por diferentes etapas e sintomas variados. A redução das funções ovarianas e as oscilações nos níveis hormonais alteram não somente os ciclos menstruais (até sua interrupção completa), mas incluem outras dezenas de sintomas físicos, psíquicos e emocionais.

Da perimenopausa (início do climatério) até a pós-menopausa são anos e anos convivendo com uma mulher que muitas de nós demoramos a reconhecer.

  • A menopausa ocorre, em média, entre os 45 e 55 anos. Seu diagnóstico é confirmado quando a mulher completa um ano sem menstruar.
  • A etapa anterior é chamada de perimenopausa ou transição menopausal, que pode começar cerca de 8 anos antes da menopausa.
  • Já a pós-menopausa costuma se estender por mais uns 10 ou 15 anos após a última menstruação.
  • Ainda que exista uma classificação, importante mesmo é estar atento aos sinais da transição menopausal (que muitas vezes são confundidos com outras doenças ou negligenciados) e ter em mente que todas as queixas devem ser relatadas ao ginecologista e tratadas o mais cedo possível.

Cada fase da menopausa: uma vivência

Muitas mulheres demoram a associar com o climatério as mudanças físicas e emocionais que começam, em geral, por volta dos 40 anos. É nesta fase – bem antes da menopausa – que sintomas surgem, mudando a rotina e interferindo na qualidade de vida.

PERIMENOPAUSA – FASE 1

A perimenopausa ou transição menopausal revela os primeiros sintomas do climatério, nem sempre óbvios. No estágio inicial, ao contrário do que se imagina, pode haver aumento do fluxo menstrual, ciclos mais curtos e TPM mais acentuada e constante.

Leia mais sobre fluxo menstrual aumentado no climatério.

Nesta fase, a redução no hormônio produzido pelos folículos ovarianos eleva o estradiol sem aumentar os níveis de FSH (hormônio folículo-estimulante). Por isso, o fluxo menstrual se potencializa e como as mulheres costumam associar a menopausa à ausência de menstruação, não se dão conta de que esse é o gatilho.

Entre os 35 e 45 anos, as mulheres suspeitam de vários problemas de saúde, menos da aproximação da menopausa. No imaginário da maioria, o climatério ainda é algo distante. Por isso, muitas pacientes tratam suas queixas isoladamente, recorrendo a diferentes especialidades médicas.

É comum receber no consultório quem já tenha tentado tratamentos para depressão e síndrome do pânico, fibromialgia ou taquicardias sem sequer suspeitar da interligação de problemas emocionais e físicos com a perimenopausa.

É claro que nem tudo e nem sempre a questão será o climatério. Evidentemente que sangramento aumentado, ciclos irregulares ou cólicas intensas podem ser causados por outras doenças no útero, como miomas, adenomiose, endometriose, pólipos ou câncer.

A dica é: se alguma coisa mudou, procure o ginecologista e considere que seus sintomas podem ser causados pela perimenopausa. Um tratamento para reequilibrar os níveis hormonais vai ajudar no controle dos sintomas.

PERIMENOPAUSA – FASE 2

Antes da menstruação parar totalmente, decretando a data oficial da menopausa, outros sintomas se fazem presentes – alguns com bastante intensidade. Com o organismo produzindo menos estrogênio e progesterona, os sinais físicos e emocionais são mais frequentes.

Nem sempre o calorão é o primeiro a se manifestar – embora muitas mulheres esperem o surgimento dos fogachos para buscar tratamento para o climatério. Na perimenopausa, as menstruações vão reduzindo e os intervalos entre os ciclos ficam maiores (o oposto da primeira fase da transição menopausal).

Outras queixas se tornam comuns, como as mudanças de humor, irritabilidade, insônia, ressecamento vaginal, diminuição da libido, ganho de peso, enfraquecimento de unhas e cabelos, fadiga, dores nas articulações, ansiedade, problemas de memória e dificuldade de concentração.

Por isso, é fundamental o autoconhecimento. Perceber o que mudou, se observar, ouvir sem resistência a percepção de quem convive conosco (é comum que companheiros, filhos, colegas de trabalho e amigos sejam os primeiros a perceber nossa oscilação de humor) e fazer uma avaliação hormonal será um divisor de águas.

A perimenopausa pode durar cerca de 8 anos. Imagine viver todo esse tempo de altos e baixos, sacrificando a saúde e a qualidade de vida. Se você tem sintomas como esses, não espere para iniciar o tratamento e considerar a reposição estrogênica.

Converse com seu ginecologista, informe-se e, muito antes que a menopausa seja oficializada, faça algo por você.

PARABÉNS, A MENOPAUSA CHEGOU!

A menopausa nada mais é do que uma data. Assim como a menarca, a formatura, o nascimento de um filho, o casamento ou qualquer outro evento “memorável”, a menopausa é um marco e se confirma após 12 meses consecutivos de amenorreia (ausência da menstruação).

É quando os ovários produzem tão pouco estrogênio que a atividade folicular ovariana cessa, dando fim às possibilidades de gestação. A fase reprodutiva encerra, mas é só isso. É possível seguir uma jornada produtiva rumo a um futuro cheio de possibilidades.

Muitas mulheres estão no auge da carreira, felizes no relacionamento, filhos bem encaminhados, pensando em fazer uma especialização, um curso de idiomas, uma nova faculdade, em busca de um novo amor ou ainda planejando viagens de férias com os netos.

Seja qual for o plano, uma coisa precisa ficar bem clara: há muita vida após a menopausa, basta que você tenha dado atenção aos sinais do seu corpo, encarado de frente o climatério, buscado orientação especializada e feito o tratamento adequado.

Se, do contrário, você demorou a se reconhecer e aguentou o tranco sozinha até aqui, sem perceber que tudo o que sentia não era normal e ouvindo que menopausa é “coisa de mulher”, “sinais da idade”, “faz parte da vida”, tudo bem também. Nunca é tarde para tomar providências em seu benefício.

Que tal aproveitar esse novo marco temporal, comemorar a menopausa (afinal, você está viva!) e iniciar um novo estilo de vida? Alimentação equilibrada, controle do estresse, atividade física diária, boas noites de sono e reposição hormonal (ou outro tratamento, se for o caso) vão lhe devolver a qualidade de vida necessária para curtir com plenitude o futuro que vem aí.

PÓS-MENOPAUSA

Chegar à menopausa não significa que os sintomas do climatério vão desaparecer magicamente. Pelo contrário. É possível que algumas queixas da perimenopausa se intensifiquem. Em alguns casos, por até uma década ou mais.

É necessário continuar a reposição dos hormônios que faltam. Quem faz o tratamento da menopausa passa por avaliações médicas periódicas, o que ajuda, inclusive, na detecção precoce de muitas doenças.

Na pós-menopausa, a mulher não pode mais ter sangramentos. Não existe “voltar a menstruar” depois que menopausa foi confirmada. Se isso ocorrer, precisa ser investigado para identificar a causa e fazer o tratamento adequado.

Acompanhamento médico anual

Quem não faz o tratamento com hormônios na pós-menopausa precisa redobrar a atenção e incluir nas rotinas médicas o acompanhamento com diferentes especialidades, além do ginecologista.

Isso porque os hormônios são fatores protetores para doenças cardiovasculares, para a saúde óssea e aliados contra o câncer de intestino, por exemplo.

Leia mais sobre menopausa e saúde intestinal.

Mesmo o câncer de mama é detectado mais cedo em quem faz checkups regulares, como as pacientes de reposição hormonal. Quem não usa hormônio acaba postergando as consultas médicas e, em muitos casos, descobre graves problemas de saúde tardiamente.

O índice de mortes por câncer de mama na pós-menopausa chega a ser maior em pacientes que não fazem a reposição hormonal justamente porque, acreditando estar livres de riscos, as pacientes demoram mais a detectar a doença em estágio inicial.

Automedicação não!

Um risco na pós-menopausa é acreditar que com os sintomas estabilizados, basta continuar comprando os hormônios sem reavaliação médica. As dosagens precisam ser revistas e ajustadas periodicamente.

É um erro achar que a mesma medicação pode ser usada por anos a fio. Você já está crescidinha e sabe que a automedicação é um imenso risco à saúde, não é mesmo?

Lembre-se: quem faz terapia de reposição hormonal precisa de acompanhamento permanente. Quem não faz, também!

Quer saber mais sobre o antes e o depois da menopausa? Vamos conversar a respeito. Estou te esperando!

Por: Dra Natacha Machado 

Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005

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