Medo da morte. Medo do escuro. Medo do parto. Medo da primeira vez. Medo da terapia de reposição hormonal. Medo do desconhecido. Quais são seus medos? E por quê?
O medo pode ser causado por diferentes motivos, como um trauma, mas também por tudo aquilo que a nossa mente acredita ser uma possibilidade de desfecho ruim a uma determinada situação.
As causas dos nossos temores – muitos deles paralisantes – são amplamente estudadas pela psicologia, mas é verdade que há casos em que sua origem está associada a tabus, crenças limitantes, questões culturais, fake news e desinformação.
Muitos dos nossos medos cairiam por terra se tivéssemos a coragem e a disposição necessárias para buscar informações mais precisas sobre o que nos aflige.
Esmiuçar aquilo que nos causa temor e encarar nossos fantasmas podem ser excelentes formas de desfazer mitos e trazer a lucidez necessária para acabar com tantas angústias.
Afinal, por que continuamos sofrendo?
Terapia de reposição hormonal
Toda mulher entre os 45 e 55 anos, em média, começa a sentir os sintomas da menopausa – e sabe o quanto eles podem ser incômodos.
Chegada a hora do tratamento, há um grupo significativo de pacientes que negligencia sua própria saúde por medo de adquirir câncer se fizer a terapia de reposição hormonal (TRH).
É sobre esse medo que eu quero falar!
Pelo menos 70% das mulheres terão queixas importantes relacionadas aos sintomas da menopausa, com prejuízos na rotina, na qualidade de vida e no bem-estar.
Muitas fizeram uso de anticoncepcional com hormônios sintéticos durante toda a vida, mas é na hora de iniciar a TRH que o medo do câncer se manifesta. Por quê?
Por pura desinformação, preconceito, porque ouviram falar, porque sequer tiveram uma conversa franca e esclarecedora com seu ginecologista.
Amenizar os sintomas da menopausa é fácil, simples, eficaz, seguro e acessível. A primeira linha de tratamento e a mais efetiva é a terapia de reposição hormonal (TRH). A tendência atual e mais moderna é usar hormônios biodênticos, em doses fisiológicas – e, claro, depois de uma avaliação médica detalhada.
Você sabia? Os hormônios bioidênticos são mais naturais e manipulados em doses individualizadas. Já os sintéticos são aqueles comprados em farmácias em dosagem comercial padrão.
Terapia de reposição hormonal e câncer
Mulheres em tratamento contra o câncer, com suspeitas ou com predisposição genética a alguns tipos de tumor não estão aptas a fazer a reposição hormonal, mas são casos específicos, avaliados pelo médico.
O hormônio não causa câncer e a TRH é a mais indicada no tratamento da menopausa para a maioria das pacientes. Afinal, você será acompanhada regularmente por seu ginecologista.
Não deixe que o medo e a desinformação atrapalhem a sua saúde. Pergunte, esclareça suas dúvidas, não tenha vergonha. A medicina se moderniza e você deve conhecer tudo o que tem à disposição para melhorar sua qualidade de vida.
História da terapia de reposição hormonal
Os estudos sobre o uso de hormônios datam da década de 1960. Para muitos, a publicação considerada o marco inicial da TRH é de maio de 1963.
O artigo “Procedimentos específicos para eliminar a menopausa” foi escrito por Robert Wilson, R. Brevetti e Thelma Wilson e publicado no Western Journal of Surgery Obstetrics and Gynecology.
Três anos mais tarde, Robert Wilson escreveu “Feminine Forever”, voltado à população leiga. O livro lançado no Reino Unido se popularizou também nos Estados Unidos.
Graças à obra, cerca de 40% das mulheres passaram a conhecer a reposição estrogênica, repercutindo na comunidade médica científica.
O best seller foi considerado fundamental para que a reposição hormonal chegasse aos patamares de hoje.
Com o avanço da medicina, as prescrições são agora feitas em doses exatas e utilizadas por vias eficientes e seguras, como no caso dos implantes subcutâneos.
Não deixe o medo te assombrar
O medo causado por desinformação não pode ser desculpa para que as mulheres sofram com a menopausa.
Venha conversar comigo. Faça todas as perguntas que quiser. Esclareça suas dúvidas. Estou aqui para ajudar e, juntas, vamos escolher o melhor tratamento. A única coisa que você não pode é ficar refém de temores infundados!
Por: Dra Natacha Machado
Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005