Obesidade e menopausa, uma combinação explosiva

Antes que você pare a leitura na segunda linha, já vou avisando: a conversa de hoje não tem nada a ver com a imposição de padrões estéticos ou apologia à magreza, mas é um assunto que também não pode ficar silenciado. A obesidade tem influência na menopausa.

Considerada uma doença crônica, progressiva e recidivante, a obesidade é uma epidemia global segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mais de um bilhão de adultos está acima do peso no mundo e cerca de metade (500 milhões) é considerado obeso.

A obesidade – avaliada em graus I, II e III – se dá a partir do IMC 30kg/m2. A doença recebe, inclusive, uma Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde: a CID 10 – E66.

No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em conjunto com o Ministério da Saúde, 96 milhões de pessoas (60,3% da população adulta do país) apresentam IMC maior que 25 kg/m², sendo classificadas com excesso de peso. As mulheres são a maioria: 62,6%. Entre os homens, o percentual é de 57,5%.

Obesidade e Menopausa: muito mais do que um problema estético

Como eu já disse, quero falar hoje da obesidade como doença, que leva as mulheres a viverem com menos qualidade de vida e acentua o risco de problemas graves de saúde.

Imagine que, por si só, a obesidade já é um fator de risco para resistência insulínica, hipertensão arterial, aumento do colesterol e triglicérides, diabetes, apneia do sono, acúmulo de gordura no fígado, infarto e AVC.

Some a isso a sobrecarga nas articulações e prejuízos à autoestima, dificuldades para dormir, falta de vontade para realizar atividades físicas, cansaço frequente, ansiedade, depressão, baixa libido, prejuízos às relações sociais e distúrbios no ciclo menstrual.

Agora, complete a lista com fatores emocionais e psicológicos, reflexos do estigma da obesidade na sociedade.
Até aqui, estamos falando da obesidade – e não daquela gordurinha que incomoda aqui ou ali. Obesidade = doença ok?

Se já é difícil lutar contra a balança – muitas vezes uma guerra travada ao longo da vida inteira, pense o quanto esse aspecto pode ser um complicador com a chegada da menopausa, quando há uma diminuição do estrogênio e os reflexos surgem, por exemplo, na distribuição de gordura no organismo.

Na menopausa, engordamos cerca de cinco quilos e há um aumento na circunferência abdominal – fatores de risco para doenças cardiovasculares. Se a mulher já é obesa, esses quilos extras que chegam nesta fase agravam o quadro. Perdê-los fica ainda mais difícil.

A osteoporose – que acomete cerca de 25% das mulheres nas primeiras duas décadas após o início da menopausa – vai exigir ainda mais atenção em pacientes com obesidade, já que o excesso de peso sobrecarrega a parte estrutural do corpo.

Sintomas que se sobrepõem

Na fase de transição menopausal, inúmeros sintomas surgem. A lista inclui:

  • Insônia
  • Instabilidade emocional
  • Dor articular
  • Aumento nos riscos de problemas cardiovasculares
  • Osteoporose
  • Cansaço
  • Irritabilidade
  • Perda do desejo sexual
  • Aumento de peso
  • Ganho de gordura abdominal
  • Ansiedade
  • Depressão

Ou seja, muitos daqueles problemas que as mulheres com obesidade já conviviam antes da chegada do climatério e da menopausa vão ser potencializados agora.

O que já não ia muito bem, tende a ficar pior. É por isso que a obesidade é um complicador nesta fase da vida e, como tal, não pode ser ignorada.

Durante muito tempo acreditou-se que a obesidade potencializava os sintomas da menopausa de maneira direta. Hoje, sabe-se que não é bem assim. Os sintomas da menopausa são os mesmos independentemente do peso da mulher, mas vão parecer piores para quem está muito acima do peso.

Não é difícil entender. Normalmente, mulheres obesas sentem mais calor, o que fará os fogachos da menopausa parecerem mais intensos. Os quilos a mais interferem na qualidade do sono, o que fará a insônia da menopausa parecer pior. E assim será com os outros sintomas.

Agora, a boa notícia

Olhar para o passado e chorar pelo leite derramado não adianta muito. A menos que sirva como aprendizado e motivação para que sejamos melhores daqui para a frente.

Se você faz parte desse grupo de mulheres que está muito acima do peso, não desanime. Procure ajuda médica. Nunca é tarde para começar – ou recomeçar – uma nova vida. Quem sabe o climatério ou a menopausa não sejam incentivos para sacudir a poeira e fazer a transformação para uma vida com mais qualidade e saúde.

Ao regular os hormônios, é possível inclusive que você consiga o equilíbrio e a disposição que faltavam para fazer uma atividade física e um tratamento também para a obesidade.

Que tal ser uma nova mulher?

Eu estou aqui para ajudar e você ainda pode contar com outros aliados, como nutricionista, educador físico, psicólogo ou psiquiatra. Não sofra sozinha porque sempre há uma solução.

Por: Dra Natacha Machado 

Ginecologista – CRM/SC 20516 | RQE 11831 | TEGO 0685/2005

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